Mães da UTI: ação voluntária oferece apoio para familiares de crianças hospitalizadas
A iniciativa Mães da UTI do Sabará Hospital Infantil cuida de quem cuida: semanalmente, mães, pais e avós se reúnem para conversar com a psicóloga hospitalar e realizar atividades artesanais propostas pela equipe voluntária
Da Redação
“Eu queria estar no lugar do meu filho”; “estamos com o pé na porta para voltar para casa”; “por que tão novos e tendo que passar por isso?”. Essas são algumas das falas comoventes de desabafo e expectativa de pais e mães que se reúnem no sétimo andar do Sabará Hospital Infantil, em São Paulo. O que eles têm em comum: filhos internados na UTI com quadro de alta complexidade.
Compartilhando suas dores, esperanças, medos e dificuldades, no primeiro encontro do mês de abril, em uma tarde ensolarada eles se reuniram na roda de conversas para que pudessem ser acolhidos e orientados nesta difícil etapa do tratamento: cuidar de quem cuida. Sem dúvidas, esse é um atendimento primordial na assistência à família de pacientes, especialmente quando se trata de um hospital pediátrico.
Pensando nisso, o programa Mães da UTI, iniciativa organizada pela Rede de Humanização, reúne os familiares dessas crianças em um grupo para troca de experiências, dedicando atenção para o cuidado da saúde mental desses pais e mães que acompanham o tratamento de seus filhos. Com orientação das equipes de psicologia hospitalar e voluntariado, as mães, pais e avós participam de rodas de conversa e realizam atividades de artesanato.
O número de participantes varia a cada semana; às vezes o grupo segue com as mesmas famílias por meses, outras vezes recebe mães diferentes. São pessoas de diversas cidades brasileiras que procuram no Sabará um tratamento de qualidade para a saúde dos filhos. Mas nem todos os pais frequentam o grupo – para fazer parte da iniciativa, é necessário receber um convite distribuído com base em dois critérios: tempo de internação (mais de 15 dias na UTI) e alta complexidade da criança.
O PAPEL DO VOLUNTARIADO
O grupo é ministrado pela psicóloga Roseli Chieco, mas o trabalho da equipe de voluntários, coordenado por Carolina Sanches, faz toda a diferença.
“Sou voluntária desde que me entendo por gente. Eu sempre tive esse olhar para o social, então sempre quis trabalhar não para alguém ficar rico, mas para que eu pudesse transformar de fato a vida da pessoa”, conta Carolina.
À frente das ações, a pedagoga desenvolve diversas tarefas artesanais para os familiares que participam das reuniões semanais, bem como brincadeiras lúdicas para as crianças. E nenhuma fica de fora – as atividades são adaptadas para a necessidade de cada paciente, levando em consideração até mesmo os materiais que a criança pode ter contato.
Para Cristina Borsari, coordenadora do setor de Psicologia Hospitalar, além de oferecer apoio aos pais, o principal trabalho da Rede de Humanização e do voluntariado é resgatar a identidade das crianças hospitalizadas.
“Muitas vezes, em uma UTI, você tem aquele executivo, um trabalhador acidentado ou um avô que adoeceu. Ele já viveu uma história. Quando você vem para uma UTI pediátrica, são crianças que têm a vida para ser escrita. Como ela vai viver a infância dentro do hospital? Por meio do brincar, por meio das fantasias”, explica a psicóloga.
A iniciativa Mães da UTI está alinhada ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3 da Agenda 2030 da ONU, meta que promove saúde e bem-estar para a população.