Mães relatam os efeitos do apagão no estado do Amapá
A população de 13 cidades do estado ficou quase 1 mês sem água ou energia. Enquanto os preços dos alimentos sobem, duas mães contam como é viver neste cenário
Por: Mariana Lima
Após 22 dias de apagão, o Amapá voltou a fornecer energia para a sua população, segundo confirmaram Linhas de Macapá Transmissora de Energia e o Ministério de Minas e Energia.
A empresa concluiu, no dia 24 de novembro, o restabelecimento da carga de energia em dois transformadores na sua subestação, que pegou fogo no dia 3 de novembro, provocando um blecaute em 13 dos 16 municípios do Estado.
Contudo, entre os moradores ainda há desconfiança. Ainda no dia 24, a auxiliar de serviço gerais Dolores Alves Cardoso, 40, ainda estava sem luz para trabalhar em Marabaixo, bairro da capital.
A falta de energia fez com que ela perdesse toda a compra do mês. Ela vem alimentando a família, incluindo um neto de uma ano, com comida enlata.
Já a água que a família está usando vem do poço do vizinho que dividi com ela o que consegue recolher. Ela mora em Santana, a 30 quilômetros de Macapá. Sua mãe, de 78 anos, mora no terreno vizinho.
Desde o apagão no dia 3, a família ficou 15 dias sem luz e água. Enquanto os adultos bebem a água do poço, as crianças recebem a água comprada na cidade, em pequenas quantidades uma vez que o preço aumentou drasticamente.
Dolores precisa sair às 5h40 da manhã para chegar ao trabalho, tendo que pegar três ônibus. A renda da família, que não recebe doação ou o auxílio emergencial, é de R$ 1.200, para oito pessoas.
Enquanto a água e energia não chegam, Dolores agradece por ainda ter o emprego para conseguir comprar o pão.
No caso da dona de casa Adria Marcele Bontes de Souza, 26, sua energia acabou no dia 24 de novembro às 10h30. Ela, que tem um filho com paralisia cerebral, de 5 anos, conta com a solidariedade de um supermercado.
A dona do local a deixou usar o gerador do estabelecimento para que ela pudesse ligar o aspirador de secreção que o menino precisa usar. O menino precisa se alimentar por sonda, ou seja, sua comida precisa ser batida.
Adria mora no município de Porto Grande, a 100 quilômetros da capital. Ela ficou sem energia do dia 3 ao dia 7 de novembro. Depois entrou no esquema de rodízio.
O gerador da vizinha é desligado às 23h30. A partir deste horário, Adria tentava usar o pano no lugar do aparelho. Batia no peito do menino, como a fisioterapeuta ensinou, e pedia para que ele tossisse.
Com o uso do gerador, a família não perdeu muita comida, mas um galão de 5 litros de água passou de R$ 7 para R$ 20 reais. Assim, ela aproveita a água da chuva para tomar banho.
Fonte: UOL Universa