Meninas da periferia paulista são discriminadas pela internet
Uma lista chamada “TOP 10”, que circula entre alunos de escolas públicas nas periferias de São Paulo, já motivou tentativas de suicídio de pelo menos 12 garotas desde o ano passado no Grajaú, Parelheiros e Embu das Artes.
Os alunos montam rankings classificando dez meninas como “vadias”. Os nomes circulam pelo WhatsApp, vídeos no Youtube, Facebook e até cartazes colados no interior das escolas. Cada colégio tem sua lista e alguns alunos as divulgam semanalmente.
Os estudantes pegam fotos das redes sociais para montagem ou se utilizam de imagens de nudez que as meninas mandaram para algum namorado que repassou para os colegas. A lista tornou-se conhecida não só entre os alunos, mas também nos bairros, depois que muros com xingamentos às vítimas foram pichados.
Desde que essa lista está sendo exposta na internet, por meio de cartazes nas áreas internas das e nos muros das escolas, o movimento Mulheres na Luta, tem realizado sobre essas pichações um trabalho de grafite para apagar os xingamentos e a referida lista.
Elânia Francisca, do coletivo Mulheres na Luta, conta que o movimento passou a prestar apoio às meninas expostas, incluindo as que tentaram suicídio, e a orientá-las. Ela afirma que o movimento busca fazer ações para explicar sobre sexualidade aos adolescentes.
Sidineia Chagas, do movimento Escritureiros, diz que os problemas do Grajaú são os mesmos de Parelheiros, onde o grupo atua. Ela afirma que estão tentando uma aproximação com os adolescentes para falar sobre o “TOP 10”. Atualmente, seis meninas estão em atendimento depois de integrarem listas. Elas apresentaram depressão e evasão escolar.
A entrevista foi concedida ao Portal R7 da Tv Record.