Moglis reais: as tristes histórias de meninas e meninos criados por animais

O caso mais recente ocorreu em 2008, em Volgogrado, na Rússia: assistentes sociais encontraram Vanya Yudin, um garoto de 7 anos de idade que vivia entre pássaros. O garoto não sabia falar e tentava se comunicar como um pássaro

O filme ‘Mogli – O menino Lobo’, lançado em 2016, conta a história de do jovem Mogli (Neel Sethi), um garoto de origem indiana que foi criado por lobos em plena selva, contando apenas com a companhia do urso Baloo (Bill Murray) e da pantera negra Bagheera (Ben Kingsley), sem nenhum contato com humanos.

O que muitos não sabem é que o filme da Disney é inspirado em histórias reais. A primeira criança de que se tem notícia que cresceu junto apenas de animais foi um menino encontrado na primavera de 1663. Ele foi criado por um urso marrom nas florestas da Lituânia.

Em alguns jornais locais, aparece a Garota Lobo do Rio Diabo, capturada no Texas em 1846, mas que conseguiu escapar atacando o xerife. Foi vista pela última vez, com cerca de 17 anos de idade, uivando com uma alcateia, numa colina, em 1852.

Outro caso, já no século XX, é de um menino de 12 anos de idade chamado Vicente Caucau, que foi localizado nas montanhas chilenas, em 1948, vagando em estado selvagem com um puma.

Muitos casos, entretanto, foram estudados e documentados e divulgados pela imprensa mundial.

Conhecidas como as meninas lobo, as meninas Amala e Kamala foram encontradas em uma caverna na Índia, em 1920, por um reverendo chamado Singh. Foram levadas para um orfanato, onde viviam encolhidas num canto. Possuíam hábitos noturnos e comportavam-se como filhotes de lobo, agitadas e ferozes. Andavam sobre mãos e pés, joelhos e cotovelos, não falavam e uivavam para a lua.

Não demonstravam nenhum tipo de emoção. Na caverna, onde se alimentavam de carne crua ou em decomposição, eram livres dentro do contexto que conheciam. Longe de seu habitat, no orfanato, desenvolveram uma depressão profunda. Amala tinha um ano e meio e faleceu um ano mais tarde, enquanto, sua irmã, Kamala, com oito anos de idade, viveu até 1929.

Existem casos mais recentes como o de Oxana Malaya. Ela nasceu em 1983, na Ucrânia. Filha de alcoólatras, sem atenção dos pais, dos 3 aos 8 anos de idade, a menina encontrou abrigo entre os cães no quintal da casa e vivia com eles em um barracão, assimilando o comportamento da matilha. O vínculo com os cães era tão forte que, na primeira vez em que as autoridades vieram resgatá-la, foram expulsas pela matilha.

Uma das primeiras coisas que notaram foi que os sentidos do olfato, visão e audição da menina se tornaram extremamente aguçados. Quando resgatada, ela rosnava, latia e andava inquieta por todos os cantos como um animal selvagem. Muitos anos após sua descoberta, Oxana ainda tem dificuldade em adquirir habilidades sociais e emocionalmente humanas. Desde 2010, reside em um lar para pessoas com deficiência mental. Hoje, com 34 anos, ela consegue falar, mas sua linguagem é direta e franca, como se estivesse constantemente dando ordens.

O caso mais recente ocorreu em 2008, em Volgogrado, na Rússia: assistentes sociais encontraram Vanya Yudin, um garoto de 7 anos de idade que vivia entre pássaros. Criado dentro de um apartamento minúsculo, cercado de gaiolas, poleiros e alpiste, a mãe do menino saía para trabalhar e o deixava sob a guarda das dezenas de pássaros que voavam soltos por todos os cantos do lugar. De acordo com os jornais que noticiaram o caso, o menino não sabia falar. Chilreava e quando percebia que não o estavam entendendo, abanava os braços como os pássaros fazer com as asas.

As histórias chamaram tanta atenção que durante quase dois anos a fotógrafa de artes plásticas Julia Fullerton-Batten pesquisou as histórias de crianças selvagens ao longo dos anos, culminando em uma série de fotografias. Ela usou atores infantis para criar cenas da vida dessas crianças que cresceram selvagens.

Fontes: Aventuras na História e BBC News