Mulheres em perigo: Brasil registra um estupro a cada dez minutos em 2021
O recente relato da atriz Klara Castanho, revelando que foi estuprada em uma carta aberta comoveu o país. A atriz também revelou que ficou grávida e passou por todos os procedimentos legais para dar a criança para adoção. Mesmo assim a atriz foi alvo de criticas nas redes sociais. O sofrimento da atriz foi vivido a cada 10 minutos por uma mulher no Brasil. O país registrou no ano passado um estupro a cada 10 minutos.
O Brasil registrou 56.098 estupros de mulheres ao longo de 2021, de acordo com dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número do ano passado é 3,7% maior em relação ao ano anterior e equivale a um caso a cada dez minutos no País.
Os dados foram extraídos dos boletins de ocorrência das Polícias Civis das 27 unidades da federação e mostram que durante a pandemia de covid-19 (entre março de 2020 e dezembro de 2021) houve um aumento significativo dos casos de violência sexual contra meninas e mulheres, chegando a um total de 100.398 registros.
Infelizmente a violência se estende para as crianças e adolescentes do nosso país. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também divulgou um levantamento através do relatório “Violência Contra Crianças e Adolescentes (2019/2021)”, onde mostra que o Brasil teve 73.442 estupros com vítimas de 0 a 17 anos durante os três anos analisados.
A faixa etária mais atingida por esse tipo de crime é a de 10 a 14 anos de idade, sendo que 85% das vítimas são do sexo feminino. É o caso de uma menina de 11 anos, estuprada, que descobriu estar com 22 semanas de gravidez e, ao ser encaminhada a um hospital de Florianópolis, teve a interrupção da gestação negada por uma juíza. Depois que o caso foi divulgado na mídia a criança conseguiu fazer o aborto. Mas antes, viveu em um abrigo, separada da sua família, durante um mês.
Os números e os casos mostram que o país esta totalmente despreparado para acolher as vítimas de estupro. As vítimas, muitas vezes meninas, são sempre julgadas, quando abortam, quando entregam seu bebê para adoção, mesmo ambos casos sendo amparados pelo lei. Em muitos casos de estupro a vítima é questionada pela roupa que estava usando, o lugar que estava na hora do crime, como se a culpa do estupro fosse da mulher.
Muitos casos não são notificados, exatamente pela vergonha da vítima em ter que passar por toda essa situação. Estupro é crime e a vítima nunca deve se sentir culpada. Também vale lembrar que o aborto em caso de estupro é legalizado e entregar uma criança para adoção, principalmente vítima de estupro, nunca pode ser considerado abandono de incapaz, como foi declarado erroneamente nas mídias sociais. Ambos os casos mostram como o Brasil precisa progredir no tratamento das vítimas de estupro e acabar com o machismo que ainda persiste na sociedade.
Fonte: Exame