O Carnaval: de onde veio e para onde vai?
Mais do que um movimento de alegria e descontração, as festas de carnaval também podem promover a reflexão sobre assuntos importantes para a sociedade
Por Redação
O carnaval faz parte da cultura popular brasileira, mas é muitas vezes visto através de uma série de estereótipos. As “micro-roupas”, o excesso de bebida, a sexualidade, a bagunça. Será que o Carnaval é só isso mesmo?
Boa parte dos brasileiros desconhece a verdadeira história do carnaval. E é sobre ela que vamos falar.
A história: de onde veio?
O carnaval começou bem antes do que se imagina. No início da história do Brasil, no Período Colonial, as primeiras manifestações carnavalescas já existiam, porém, eram chamadas de entrudo. Essa festa é de origem portuguesa e era praticada pelos escravos. Apesar de ser considerada violenta e ofensiva, era bastante popular e caracterizada pelas pinturas nos rostos e os líquidos (muitas vezes mau cheirosos) que eram jogados nas pessoas.
As famílias mais ricas não participavam da festa, mas ainda assim não deixavam de fazer suas brincadeiras. As jovens moças, as “recatadas” daquela época, ficavam na janela das casas observando o movimento e jogando água nos passistas.
Em meados do século XIX, o entrudo foi considerado crime, principalmente pela campanha contra manifestação popular lançada naquela época. Com a criminalização da festa dos considerados pobres, a elite surgiu com a criação dos bailes de carnaval.
Entre os choques culturais, os ricos tentavam tomar as ruas com o seu modelo festivo, enquanto os pobres continuavam na tentativa de manter a sua diversão.
Entre o fim do século XIX e o início do século XX, as marchinhas começaram a tomar conta da comemoração. E cada região foi formando as próprias peculiaridades, como o frevo em Recife e o maracatu em Olinda.
Com o passar dos anos, essa manifestação se tornou cada vez mais popular. Houve a criação das escolas de samba e a tradicional passeata dos trios-elétricos. O que antes era símbolo de desigualdade social passou a unificar o povo em uma festa, com descontração, música e diversão, tornando-se um símbolo cultural brasileiro.
Como é atualmente e para onde vai?
Mais do que uma atividade cultural, o carnaval foi considerado uma ótima ferramenta para os negócios de turismo. Com a fama ao redor do mundo, nosso país passou a receber diversos turistas para sentir a alegria e o bom humor que só o brasileiro consegue ter na época de carnaval, mesmo diante as dificuldades do dia a dia.
Para ter uma noção, a estimativa é de que o carnaval movimente mais de oito bilhões de reais esse ano, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Assim como o futebol, o carnaval ainda é capaz de unir gerações, classes e culturas para uma única comemoração. Seja em escolas de sambas, blocos de rua ou nos típicos bailinhos, a diversão permanece, mas é claro, com seus diferenciais.
Diante dos avanços da sociedade (mesmo que pequenos), o carnaval também é utilizado atualmente como uma forma de manifestação popular para assuntos mais sérios, como o meio ambiente, a violência contra a mulher e a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis.
Campanhas para cada um desses temas estão sendo mais vistas atualmente. Com as mulheres tomando a frente por seus direitos e igualdade, as discussões sobre a banalização do corpo feminino são cada vez mais presentes e, em partes, resultantes de progressos importantes para a sociedade, mesmo que esses progressos sejam lentos.
Carnaval não é só mulher sem roupa, sexo “fácil”, bebida em excesso, diversão sem regras ou limites. O carnaval também pode promover reflexões, como a importância de aprender a se divertir sem invadir o espaço do outro.
Por tudo isso o brasileiro pode se sentir orgulhoso por ter transformado essa festa, que um dia foi criminalizada por ser praticada por escravos, em uma festa de todos.
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