OMS: Hospitais em Gaza são ‘zona de desastre humanitário’
O último hospital pouco funcional no norte da Faixa de Gaza é uma “zona de desastre humanitário”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O último hospital pouco funcional no norte da Faixa de Gaza é uma “zona de desastre humanitário”, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, OMS.
Nesta terça-feira (12/12), a agência destacou as consequências desastrosas do bombardeio israelense em curso para civis gravemente doentes e feridos em toda a área.
O representante da OMS no Território Palestino, Richard Peeperkorn, descreveu corredores lotados de pacientes traumatizados no Hospital Al-Ahli, na cidade de Gaza. No local, os médicos tratam as pessoas no chão e faltam combustível, oxigênio, comida e água.
Em conversa com jornalistas, ele disse que em apenas 66 dias de combates, a Faixa de Gaza passou de um “sistema de saúde razoavelmente funcional”, produzindo indicadores de saúde “no mesmo nível dos países vizinhos”, para uma situação em que mais de dois terços dos seus 36 hospitais e mais de 70% dos centros de saúde primários estão fora de serviço.
O porta-voz da OMS, Christian Lindmeier, disse aos jornalistas em Genebra que o Hospital Kamal Adwan, também no norte, estava sendo “evacuado à força” na manhã de terça-feira, segundo as autoridades de saúde de Gaza.
Cerca de 68 pacientes, incluindo 18 em cuidados intensivos e seis recém-nascidos, estão no local, juntamente com milhares de pessoas deslocadas em busca de segurança.
Segundo o Escritório para os Assuntos Humanitários da ONU (Ocha), o hospital está cercado por tropas e tanques israelenses há dias, com relatos de confrontos armados nas proximidades. Na segunda-feira, a maternidade foi supostamente atingida durante um bombardeio e duas mães foram mortas.
Segundo Peeperkorn, em meio às enormes necessidades humanitárias no norte de Gaza, o Hospital Al-Ahli está com falta de pessoal e apesar de abrigar mais de 200 pacientes, só tem recursos suficientes para apoiar 40.
Incapaz de realizar operações vasculares, a equipe está realizando amputações de membros “como último recurso para salvar vidas”.
No sábado, um comboio liderado pela OMS e pelo Crescente Vermelho Palestino, se deparou com “incidentes graves” durante uma missão para entregar suprimentos cirúrgicos para 1,5 mil pacientes ao hospital e transferir 19 deles para o sul.
Peeperkorn descreveu numerosos obstáculos enfrentados por esta missão, incluindo inspeções no posto de controle israelense em Wadi Gaza, a caminho do norte, onde dois funcionários do Crescente Vermelho foram detidos durante mais de uma hora.
De acordo com um comunicado divulgado pela OMS, o pessoal “viu um deles ser obrigado a ajoelhar-se sob a mira de uma arma e depois retirado de vista, onde teria sido assediado, espancado, despido e revistado”.
O representante da agência sublinhou que “ninguém pode ser detido quando faz parte de uma missão médica” e enfatizou o fato de que tais missões humanitárias vitais “não podem sofrer atrasos”.
Peeperkorn disse que ao chegar ao norte de Gaza, que agora “parece um deserto”, os trabalhadores humanitários viram muitas pessoas nas ruas surpreendidas perante o comboio humanitário, devido à escassez de ajuda que chega ao norte.
Fonte: ONU News