Crueldade: jovem negro era atração de zoológico em jaula com macacos
No início do século passado, Ota Benga foi capturado, escravizado e depois transformado em atração de um zoológico nos Estados Unidos, onde era apresentado como membro de uma “espécie exótica”
Ota Benga nasceu em 1883, em uma tribo estabelecida nas florestas próximas ao rio Kasai, no antigo Estado Livre do Congo. Ele pertencia ao povo Mbuti, cujos membros eram considerados “pigmeus” devido à sua baixa estatura.
Ota Benga passou por muita coisa na vida, ainda jovem. Ele sobreviveu a dois massacres executados por forças belgas, e foi capturado e escravizado. Além disso, antes dos 23 anos ele já havia ficado viúvo duas vezes. Sua primeira esposa foi assassinada e a segunda morreu após ser picada por uma cobra venenosa.
Em 1904, o missionário e explorador Samuel Phillips Verner teria comprado a liberdade de Ota Benga de traficantes de escravos para expor o Mbuti nos Estados Unidos, junto com outros oito jovens africanos. Para Verner, esses jovens eram representantes de espécies exóticas.
No mesmo ano, eles foram exibidos em uma mostra supostamente antropológica chamada ‘Os Homens Selvagens Permanentes do Mundo’, na Feira de St. Louis.
Dois anos depois, Ota Benga foi levado por Verner para Nova York. Verner então entrou em contato com William Temple Hornaday, diretor do Zoológico do Bronx, que acabou exibindo o jovem junto com os animais.
Em algumas ocasiões, Ota andava livremente pelo zoológico para entreter os visitantes, mas frequentemente era colocado em uma jaula no setor dos macacos. Lá, ele era apresentado como se fosse um canibal e era estimulado a interagir com um orangotango e a usar um arco e flecha para reforçar o estereótipo de selvagem.
Como Ota tinha os dentes afiados (o que era uma tradição em sua tribo), ele também era obrigado a mostrá-los aos visitantes do zoológico. Uma placa do lado de fora de sua jaula apresentava seu nome, peso e idade, além de informar que ele seria “exibido todas as tardes durante setembro”.
Devido à exploração cruel do jovem, o zoológico teve uma temporada de sucesso, atraindo até 40 mil visitantes por dia. O público provocava e ria de Ota.
Uma reportagem sobre Ota saiu nos jornais, um grupo de pastores negros passou a protestar contra a exposição. Ameaçado de processo, o zoológico libertou Ota, 20 dias após começar a exibi-lo. Em seguida, o jovem passou por várias instituições, entre elas um orfanato e um seminário teológico no estado da Virgínia, onde estudou. Depois Ota conseguiu um emprego em uma fábrica de tabaco na cidade de Lynchburg.
Mas Ota nunca conseguiu se recuperar dos vários anos de crueldade. Em depressão, Ota acabou se suicidando em 1916, aos 32 anos.
E o que aconteceu com Ota Benga não foi um caso isolado. Vale lembrar que até 1958 existiam “zoológicos humanos” no mundo.
Fontes: History, Aventuras da História e Wikipédia
Maria
09/05/2021 @ 14:08
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