Padre Júlio Lancellotti é atacado por jovens católicos de milícia
O padre Júlio Lancelloti, conhecido por ajudar pessoas em situação de rua e defender os direitos humanos, virou alvo de montagens e mensagens agressivas nos últimos dias. Segundo ele, ataques vêm de jovens católicos que fazem parte de uma milícia
O padre Júlio Lancellotti é muito conhecido por seu trabalho social de ajuda às pessoas em situação de rua e defesa dos direitos humanos. Ele também já protagonizou cenas como a de quebrar a marretadas pedras colocadas pela prefeitura em um viaduto na zona leste de São Paulo como medida para evitar pessoas em situação de rua.
Após indicar livros progressistas em uma celebração religiosa e em suas redes sociais, o padre Júlio Lancellotti, 72, virou alvo de montagens e mensagens agressivas nos últimos dias. Na segunda-feira (31/05), ele relatou ter sido “bombardeado”, por meio de redes sociais, ligações no celular e recados no Whatsapp, por jovens católicos que fariam parte de uma milícia.
“Manipulam e invadem em nome de um deus cruel e opressor”, disse. “Hoje o dia foi denso e tenso”.
Entre os livros indicados estão “O Deus das vítimas”, de Edevilson de Godoy, sobre a presença divina nos marginalizados; “Teologia e os LGBT+”, de Luís Corrêa Lima, que reflete sobre a realidade dessa população na perspectiva da teologia; e “Deus e o mundo que virá”, uma conversa do papa Francisco com o vaticanista italiano Domenico Agasso, repórter do jornal La Stampa e coordenador do site Vatican Insider, sobre a pandemia.
Em um dos ataques, uma montagem troca a capa do livro “Teologia e os LGBT+” por um catecismo anticomunista. “Católicos falsificarem imagem e produzirem fakes por ódio é lamentável. Além de crime”, o padre afirmou.
Ao indicar o livro que aborda a questão LGBT+, o religioso mandou um recado para os “homofóbicos de plantão”: “Nossas palavras podem salvar vidas ou podem destrui-las”.
Fonte: Folha de São Paulo