Padres sofrem racismo de fiéis no Brasil por serem negros
Atualmente, apenas 37 dos 483 cardeais, bispos e arcebispos brasileiros são negros. Esse número corresponde a 7,6% do total
O percentual de pessoas que se declaram como negras (pretas ou pardas) no Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é de 56,10%.
Mesmo assim, o Brasil é considerado por entidades internacionais um país racista. No ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) soltou uma nota repudiando a morte de João Alberto Silveira Freitas em uma unidade do supermercado Carrefour, no dia 19 de novembro.
“A violenta morte de João, às vésperas da data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil, é um ato que evidencia as diversas dimensões do racismo e as desigualdades encontradas na estrutura social brasileira”, diz a ONU. “Milhões de negras e negros continuam a ser vítimas de racismo, discriminação racial e intolerância, incluindo as suas formas mais cruéis e violentas”, afirmou na nota.
Padres negros no Brasil também sofrem com o racismo no país, que tem um pouco mais da metade da sua população negra.
Foi o que aconteceu na Paróquia Santo Antônio, em Adamantina, a 578 km de São Paulo (SP). Desde que assumiu a igreja matriz, em 2012, o padre Wilson Luís Ramos alegou ter sido vítima de discriminação por parte de alguns fiéis. Houve quem dissesse que “deveriam trocar o galo de bronze do alto da igreja por um urubu”.
Outro caso de preconceito racial foi registrado na Paróquia Nossa Senhora do Bom Conselho, em Serra Preta, a 150 km de Salvador (BA). A vítima da vez foi o Padre Gilmar Assis. No dia 3 de junho de 2017, ele disse ter tomado um susto ao ouvir um áudio no WhatsApp com ofensas e ameaças, como “negão”, “burro” e “animal”.
“A Igreja Católica não é somente o padre e o bispo. É o povo de Deus também. Infelizmente, a mentalidade da ‘Casa Grande’ ainda está presente em nosso povo”, lamenta Dom Zanoni Demettino Castro, arcebispo de Feira de Santana (BA) e bispo da Pastoral Afro-Brasileira, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Uma recente demonstração de intolerância racial veio de Alfenas, a 335 km de Belo Horizonte (MG). Em setembro, o padre Riva Rodrigues de Paula, de 42 anos, assumiu como vigário da Paróquia São José e Nossa Senhora das Dores. Logo, a secretaria paroquial começou a receber os primeiros telefonemas pedindo que a matriz avisasse com antecedência quando “o padre preto fosse celebrar a Santa Missa”.
Na Semana da Consciência Negra, padre Riva chegava para rezar uma missa às sete da manhã quando, já dentro da igreja, foi abordado por um casal que o teria chamado de “preto fedido”. Diante da ofensa, a diocese de Guaxupé (MG) soltou uma nota de repúdio que foi lida nas oito paróquias de Alfenas.
Racismo recreativo
O frei franciscano David Raimundo dos Santos tinha 24 anos quando sofreu um dos mais duros golpes de sua vida. Ele estava em um seminário no interior de São Paulo quando, no dia 13 de maio de 1976, alguns noviços, descendentes de italianos e alemães, convidaram os poucos colegas negros e pardos da turma para um suposto almoço em confraternização pelo Dia da Abolição da Escravatura. Logo, frei David descobriu que a aparente gentileza escondia uma brincadeira de péssimo gosto: no centro do refeitório, havia uma mesa decorada com as palavras: “Navio negreiro”.
Visivelmente aborrecido, frei David se recusou a participar do trote, mas foi praticamente forçado por alguns companheiros de batina.
Naquele mesmo dia, frei David arrumou as malas, mas foi convencido por um sacerdote a ficar. Mais do que isso: foi encorajado, dali em diante, a transformar aquela ofensa em bandeira de luta por um mundo melhor. “Quando aqueles seminaristas mexeram comigo e meus companheiros, e praticaram aquilo que chamamos de ‘racismo recreativo’, não tinham a intenção de nos ofender ou humilhar. Não havia, naquela época, a clareza que temos hoje de que essas gozações são, na verdade, humilhações”, avalia o diretor da ONG Educafro, que defende a política de cotas para estudantes negros e carentes.
“Hoje, o racismo é muito mais cruel. Os seminários precisam despertar seus seminaristas negros para a negritude e encorajá-los a beber na fonte da história do povo negro. Uma história de muita luta, dor e sofrimento”.
Atualmente, apenas 37 dos 483 cardeais, bispos e arcebispos brasileiros são negros. Esse número corresponde a 7,6% do total.
Fontes: BBC Brasil e UOL
Princesa da Noruega é ameaçada por namorar homem negro e vai deixar monarquia
13/04/2021 @ 17:01
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13/04/2021 @ 17:59
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