Pandemia acaba com 5,8 milhões de empregos informais no país
Antes da pandemia, a informalidade vinha registrando recordes e diminuía a taxa de desemprego no país. Com a crise, muitos desses trabalhadores, que já não tinham uma série de direitos, ficaram sem renda
Por: Mariana Lima
A pandemia de Covid-19 vem colapsando diversos setores do mercado de trabalho. No trimestre móvel encerrado em maio, 7,8 milhões de postos de trabalho foram encerrados, sendo 5,8 milhões informais.
O índice de população ocupada bateu recordes negativos na construção, comércio, agricultura, indústria transporte, alojamento e alimentação. Em contraponto a este cenário, alcançaram suas maiores marcas na administração pública, saúde e educação, como reflexo das medidas restritivas colocadas em prática em todo a país desde março.
A informalidade, antes da pandemia, vinha registrando recordes e diminuía a taxa de desemprego no país. Com o avanço da Covid-19, o setor está entre os mais impactados pela crise, mostrando que a desigualdade no país vai ficando cada vez mais escancarada.
A restrição da modalidade e o distanciamento social afetam em grande maioria os trabalhadores informais, que precisaram restringir a mobilidade ou dependem de terceiros para exercer sua atividade.
Esse colapso no setor informal levou a população ocupada a registrar seu menor número na série histórica desde 2016. No país, são 85,9 milhões de pessoas empregadas, com 32,2 milhões na informalidade, uma taxa de 37,6%, sendo a pior da pesquisa. Em fevereiro, esse índice girava em torno dos 40,6%.
A perda da renda foi alta entre os mais variados setores de atividade, batendo recordes na indústria (-10,1%), comércio (-11,1%), agricultura (-4,5%), construção (-16,4%), e alojamento e alimentação (-22,1%).
O maior impacto no setor informal atinge o rendimento médio real habitual da população, que chegou a R$ 2.460.
Os dados foram divulgados pelos Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE )no final de junho. Segundo o IBGE, o desemprego em maio ficou em torno de 12,9%, com 368 mil pessoas a mais na fila do emprego, mas existe um ruído em relação à taxa dentro de um cenário pandêmico.
A população que já desistiu de procurar emprego chegou a 5,4 milhões, representando um aumento de 15,3% em comparação ao trimestre anterior. Já aqueles que estão empregados, mas gostariam de estar trabalhando por mais tempo aumentaram em 3,6 milhões (27,5%).
Entre os empregados do setor privado, o nível chegou ao menor da série, com menos 2,5 milhões (-7,5%) de pessoas no mercado, totalizando 31,1 milhões. O número de trabalhadores domésticos ocupados também despencou 1,2 milhão (-18,9%).
Fonte: Folha de S. Paulo