Parlamentares no Brasil recebem 72 vezes salário pago a professores
O piso nacional do professor no Brasil é de R$ 2.455,35, para jornada de 40 horas semanais, segundo o site do Ministério da Educação. De acordo com o estudo ‘Global Teacher Status 2018’, realizado pela Varkey Foundation, o Brasil ocupa a última posição, entre 35 países, em referência à valorização dos professores.
Essa desvalorização fica nítida quando comparado o salário dos professores e o valor pago a deputados federais e senadores no Brasil.
Por mês, são mais de R$ 91,8 milhões gastos com os salários, benefícios e privilégios dos deputados federais. Em média, cada deputado custa R$ 179 mil por mês ao país. São R$ 33,7 mil de salário; R$ 1,4 mil de ajuda de custo; entre R$ 30,4 mil e R$ 45,2 mil de cotão (valor que varia de estado para estado e que é usado para gastos como passagens aéreas, fretamento de aeronaves e alimentação do parlamentar); auxílio-moradia de R$ 4,2 mil ou apartamento funcional; e R$ 101,9 mil de verba de gabinete para até 25 funcionários. Comparando o valor pago aos parlamentares todos os meses e o piso dos professores, os políticos recebem 72 vezes o salário de um professor.
O valor pago aos parlamentares está bem longe da realidade da maioria dos brasileiros. 52,1 milhões de brasileiros, ou um quarto da população, viviam em situação de pobreza em 2016. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2017, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É considerado pobre quem ganha menos do que US$ 5,5 por dia. Esse valor equivale a uma renda domiciliar per capita de R$ 387 por mês, ao considerar a conversão pela paridade de poder de compra na época do estudo.
Para ter uma noção do abismo que separa os brasileiros em situação de pobreza e os parlamentares, um brasileiro que tem renda mensal de R$ 387 demoraria 87 meses, isto é, 7 anos e 3 meses, para conseguir o que um parlamentar ganha de salário em um mês (sem considerar os benefícios).