Preconceito cruel: por ter AIDS, ele sofreu bullying e foi banido da escola
Ryan White sofreu com problemas de saúde desde os primeiros dias de vida. Ele nasceu em Kokomo, no estado de Indiana, Estados Unidos (EUA).
De acordo com o diagnóstico, a coagulação de sangue era dificultada devido a uma associação ao cromossomo X, com a possibilidade de ter hemorragias graves, mesmo com pequenos cortes.
Dessa maneira, o garoto tinha de ser acompanhado por médicos e passou boa parte da infância recebendo transfusões de um composto chamado Fator VIII, produzido com sangue doado do plasma de pessoas não hemofílicas.
O adolescente foi acometido por uma violenta pneumonia, chegando a ter a remoção parcial do pulmão para exames. A descoberta da análise, no entanto, revelou o motivo do adoecimento acelerado: Ryan estava com AIDS. Provavelmente, ele havia sido infectado em uma das inúmeras transfusões de sangue que era obrigado a fazer para salvar sua vida.
Mesmo sendo informado que teria apenas seis meses de vida, o garoto se recuperou no início de 1985, justamente no momento que deveria retomar as aulas após as férias de inverno. Sabendo da condição do filho, a mãe de Ryan informou a diretoria da escola para evitar problemas com outros alunos, no entanto, a diretoria da Western School Corporation proibiu o retorno do garoto.
A orientação, rapidamente passada para outros professores e disseminada entre a população local, resultou em um abaixo-assinado de 50 funcionários e 117 familiares de alunos orientando a expulsão do jovem, que foi acatada pela corte distrital. A família contra-atacou, iniciando uma batalha legal.
Preconceito cruel
Mesmo conseguindo uma vitória na justiça para seu retorno as aulas, a escola exigiu que Ryan usasse um banheiro específico e também levasse talheres descartáveis. Vários pais tiraram seus filhos da escola. Em contrapartida, Ryan sofria bullying diariamente.
Mesmo desamparado e profundamente infeliz pelo tratamento recebido na instituição de ensino, Ryan conseguiu chamar a atenção da imprensa local e nacional para seu caso.
O jovem, que realizava entregas de jornais nas horas livres para arrecadar dinheiro, também se tornou motivo para o cancelamento de assinaturas. O Kokomo Tribune, jornal que White entregava, ficou do lado do garoto, apoiando publicamente e o amparando financeiramente com doações de editores e colunistas.
Mesmo assim, a comunidade local continuava os ataques, até que, em 1987, a casa onde a família White morada foi atingida por um disparo desconhecido, resultando na mudança do garoto para a cidade de Cicero.
Para pagar as despesas da casa, Elton John deu U$15,5 mil dólares para a mãe de Ryan. Michael Jackson também fez questão de ajudar, dando um Ford Mustang conversível vermelho para o garoto ir até a nova escola.
Charlie Sheen, que décadas depois também descobriu ter HIV, levou o jovem Ryan para premiações como seu acompanhante e com isso chamou a atenção para a causa social.
Estampando diversas capas de jornais, as informações sobre a AIDS divulgadas em matérias sobre Ryan auxiliaram na recepção do garoto na nova escola, sendo cumprimentado pela mão por diversos colegas e pela direção.
Fim da luta e legado
Pouco antes de concluir o ensino médio, no início de 1990, White fez sua última aparição pública, se encontrando com o ex-presidente Ronald Reagan e a esposa Nancy, após a festa do Oscar.
Sedado e entubado com um respirador artificial, o hospital chegou a ter os telefones congestionados para envios de mensagens para Ryan. Após dez dias internado, o jovem faleceu aos 18 anos de idade, em 8 de abril de 1990. Seu funeral recebeu a visita dos músicos Elton John e Michael Jackson, da então primeira-dama Barbara Bush e de Donald Trump.
Surpreendendo seus médicos, White viveu cinco anos a mais do que o previsto. Ele morreu em abril de 1990, um mês antes de se formar no ensino médio e apenas alguns meses antes de o Congresso aprovar a legislação que leva seu nome em agosto de 1990.
Seu legado resultou no ‘Ryan White Care Act’, lei aprovada quatro meses depois de sua morte pelo Congresso dos EUA como um programa do governo para disponibilizar atendimento e programas de qualidade de vida para portadores de AIDS, sendo assinado por todos os presidentes seguintes até os dias atuais.
Fonte: Aventuras na História