Sistema B Brasil representa mudanças positivas para as novas gerações
Em resposta aos riscos de degradação ambiental e desigualdade social, a atuação do Sistema B a nível Global e o exemplo das Empresas B no Brasil vem consolidando um modelo econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para pessoas e o meio ambiente
Por Iara de Andrade
Nos últimos tempos, estamos diante de dados alarmantes sobre a degradação do meio ambiente. No Brasil, a devastação dos biomas, sobretudo o desmatamento da Amazônia, acende um alerta para danos permanentes na biodiversidade.
Entre 1985 e 2019, o país perdeu 87,2 milhões de hectares de áreas de vegetação nativa, o equivalente a pouco mais de 10% do seu território nacional. Informações do MapBiomas sobre agosto de 2020 falam sobre uma aceleração da devastação nos anos de 2018 e 2019, período em que a crise ambiental se intensificou. De acordo com informações da nota técnica “O que as florestas e o desmatamento têm a ver com nossa saúde”, divulgada recentemente pela WWF Brasil, somente em 2021 foram desmatados 13.235 km² da floresta Amazônica.
Por consequência, aumentam as emissões de gases do efeito estufa que contribuem para a intensificação de eventos climáticos extremos como inundações e crises hídricas, além de alterações no clima que causam a diminuição das chuvas e impactam nas produções agrícolas.
Somado a isso, a pandemia de Covid-19 também acentuou as desigualdades sociais. Dados do Cadastro Único do governo federal indicam que a porcentagem de famílias vivendo na extrema pobreza saltou para 11,8% este ano. Em fevereiro, mais de 17,5 milhões delas estavam vivendo com renda per capita de R$ 105. Atualmente, 33 milhões de brasileiros estão famintos.
Na contramão deste cenário, o mundo corporativo apresenta iniciativas que trabalham em nome da construção de um sistema econômico mais inclusivo, equitativo e regenerativo para os habitantes e ao planeta como um todo. Dentre elas está o B LAB, um movimento de líderes globais, criado nos Estados Unidos, em 2006, que, através dos seus negócios, querem redefinir sucesso econômico levando em conta o bem-estar social, além do êxito financeiro.
Em 2012, o empreendedor social, Marcel Fukayama, lançou o Sistema B Brasil e desde então segue comprometido com a formação de lideranças e no sentido de uma governança que ofereça impactos socioambientais positivos.
Responsável pela certificação dessas empresas no Brasil, o Sistema B oferece a Avaliação de Impacto B como primeiro passo. Trata-se de uma ferramenta online, que vai diagnosticar operações e modelos de negócio em cinco categorias: governança, trabalhadores, comunidade, meio ambiente e clientes. Alcançando o mínimo de 80 pontos, a organização recebe aprovação em sua área mais proeminente, dentre as cinco.
Em 2014 eram apenas 20 Empresas com a Certificação B no Brasil e atualmente já são mais de 233 empresas certificadas em 56 cidades brasileiras e outras 5.000 em mais de 80 países em todo o mundo, sendo 17 na América Latina.
Ronaldo Stabile, sócio-diretor da Recicladora Urbana (ReUrbi), conta que em 2012 teve seu primeiro contato com o modelo de negócio de Economia Circular e a ReUrbi foi uma das primeiras empresas a se associar a Ellen MacArthur Foundation e recentemente à Rede ACV, instituições voltadas a incentivar o modelo de Economia Circular e a preocupação com o ciclo de vida de produtos e seu impacto no meio ambiente.
“Acreditamos que as novas gerações serão a mola propulsora para mudança do atual modelo econômico saindo do imobilismo dos discursos e fazendo com que as decisões de investimentos sejam de fato pautadas em negócios de impacto socioambiental, desde a sua concepção à implantação e fazendo com que as operações cotidianas tenham no seu DNA a sustentabilidade”.
Motivação pelo reconhecimento
A ReUrbi segue o modelo de economia circular que oferece soluções em logística reversa no descarte de equipamentos eletrônicos de TI e Telecomunicações, promovendo a educação ambiental e a inclusão sociodigital nos mais 130 projetos apoiados pela empresa e por seus clientes, em 2021 criou o Instituto ReUrbi de Inclusão Sociodigital para manter estes projetos.
Certificado pelo Sistema B desde 2014, a empresa foi reconhecida, por sete anos consecutivos, como Best for the World, um reconhecimento concedido pelo B Lab para B Corps, cujas pontuações de Impacto B verificadas em cinco áreas de Avaliação de Impacto B (comunidade, clientes, meio ambiente, governança e trabalhadores) estão entre os 5% melhores de todas as B Corps em seu grupo e tamanho correspondente. A ReUrbi conquistou as categorias de:
- Comunidade, em 2015;
- Meio Ambiente, em 2016;
- Changemakers (agentes de mudança para uma nova economia), em 2017;
- Overall (Melhor pontuação em toda a Avaliação B), Changemakers e Meio Ambiente, em 2018;
- Overall, Changemakers e Meio Ambiente, em 2019; e
- Meio Ambiente, em 2021 e 2022.
Recentemente, a empresa também recebeu o reconhecimento “Melhores para o Brasil”, da Humanizadas, que avalia e orienta boas iniciativas de ESG, medindo a maturidade da gestão e qualidade das relações com seus clientes e colaboradores.
Stabile acredita que as Empresas B serão protagonistas para mudanças no atual modelo econômico e para que mais empresas reconheçam a importância de avaliar o impacto de suas atividades na sociedade e no meio ambiente:
“O Sistema B e as Empresas B têm a missão de provocar a sociedade para urgentes mudanças no atual modelo de negócio; decisões e ações das empresas e de seus colaboradores impactam diretamente no meio ambiente e na busca constante de soluções para reduzir a desigualdade social, já somos mais de 51 milhões de brasileiros vivendo abaixo da linha da pobreza em 2020, segundo o IBGE”.
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Este conteúdo foi produzido por meio de uma parceria entre o Observatório do Terceiro Setor com a ReUrbi – Recicladora Urbana.