Site reúne casos de violência sexual praticada por profissionais de saúde
A plataforma foi idealizada pela atriz Nina Marqueti, que foi vítima de um abuso em ambiente médico quando era adolescente; iniciativa reúne depoimentos e orientação jurídica e psicológica para vítimas
Por: Mariana Lima
Agora em dezembro, a atriz Nina Marqueti, 28, deu início a uma campanha para mapear os casos de violência sexual cometidos por profissionais de saúde em consultórios, hospitais, postos e ambulatórios.
A plataforma Onde Dói, além de reunir os relatos, também disponibilizará orientação jurídica e psicológica para as vítimas. Nina quer dar corpo e voz às histórias destas mulheres, incluindo a de si própria.
Aos 16 anos, Nina foi vítima de um abuso sexual, cometido por seu pediatra, na cidade de Umuarama, no interior do Paraná. Após o ocorrido, Nina não recebeu o apoio familiar, que só chegaria 12 anos depois.
O trauma causou na atriz diversos problemas como depressão, ansiedade, pensamentos suicidas, dificuldade para se relacionar com homens e confiar em médicos e enfermeiros.
A ajuda terapêutica e o uso da arte para expressar o ocorrido foram fundamentais para ajudá-la a falar sobre o trauma. Nina realizou a denúncia contra o médico este ano.
O Ministério Público aceitou o caso. Após a denuncia de Nina, outras 4 vítimas apareceram. A mais nova, na época do abuso, tinha apenas 13 anos.
O projeto foi desenvolvido em parceria com grupos e coletivos feministas, como Mulheres da Resistência no Exterior, Mulheres Unidas Com o Brasil e a Plataforma Geni.
Até o momento, o projeto já recebeu mais de 4 mil relatos nas diferentes redes em que está presente. A campanha gerou a hashtag #OndeDói, que chegou a ficar no 3º lugar entre os assuntos mais comentados do Twitter no Brasil.
Os depoimentos que o projeto recebeu contam histórias de abusos sexuais cometidos por médicos, enfermeiros e dentistas.
Na plataforma, um formulário fica disponível para que as vítimas possam informar sobre os abusos sexuais que sofreram e colaborar com o mapeamento.
O questionário pede detalhes como etnia, idade, orientação sexual, se o assédio foi realizado por um homem ou mulher, e se a pessoa conhece alguém que já foi vítima também.
Na plataforma, é possível encontrar uma lista de organizações parceiras para apoio psicológico, como o Mapa do Acolhimento, Tamo Juntas e Papo de Preta, além do contato de entidades jurídicas como a Rede Feminista de Juristas.
Se a vítima necessitar de suporte urgente, basta informar no questionário o telefone, e-mail e uma mensagem explicando a situação.
O Brasil não possui dados com informações extensas sobre a violência ocorrida no meio médico. Um levantamento do The Intercept Brasil revelou que entre 2014 e 2019 ocorreram 1.239 registros de estupro e 495 de assédio dentro de instituições de saúde em nove estados brasileiros.
Fonte: Universa