Estudo mostra que pobreza pode ser vista do espaço
Por meio de fotos tiradas com satélite de luz noturna, estudo indica que pobreza pode ser vista do espaço. Teoria é que áreas “apagadas” tenham maior índice de desigualdade devido à falta de infraestrutura
Por Iara de Andrade
Um estudo publicado em 5 de maio pelo Instituto de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA, em inglês) propõe um novo método para mapear regiões de maior desigualdade no mundo. O rastreamento é feito por meio de fotos tiradas de satélites de luz noturna.
A análise indica que a baixa incidência de luz artificial em algumas regiões registradas nas imagens pode significar falta de infraestrutura para a garantia de saúde e bem-estar na vida das pessoas.
A presença de luz é tradicionalmente usada como componente de desenvolvimento em algumas áreas do globo, mas as regiões “apagadas” nunca haviam sido incluídas, até então.
Dados da Pesquisa de Demografia e Saúde Mundial (DHS, em inglês) de países dos continentes Africano, Asiático e Americano colocam famílias em uma escala contínua de riqueza relativa, da mais pobre para a mais rica, e foram combinados às imagens capturadas.
Constatou-se que 19% de lugares com presença humana nessas regiões não tinham nenhum tipo de luz artificial. A Ásia representa 23% desses locais e a África, 39%.
Um alerta dado, em 2021, pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela União Africana já indicava que a África está longe de combater a fome até 2030. São quase 282 milhões de africanos famintos.
A Europa também foi analisada e, segundo o pesquisador Ian McCallum, a captação de áreas sem luz no continente apresenta outras fundamentações: “Pode haver várias razões para esse resultado, incluindo o fato de o viaduto do satélite ser depois da meia-noite, mas também pode ser devido a políticas conscientes de economia de energia e custos na Europa por proprietários, governos e indústria”.
A líder do Grupo de Pesquisa em Soluções Institucionais e Sociais Transformativas do IIASA, Shonali Pachauri, comenta que o método pode oferecer uma oportunidade de acompanhamento em relação ao bem-estar das populações, ao progresso dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) e à garantia da chegada de políticas energéticas nas áreas rurais.
“Além disso, pode ser útil para detectar sinais de gestão sustentável e ambiental da iluminação no mundo desenvolvido”, complementa.
Fonte: UOL