Super-heroína indiana combate a violência contra a mulher
Quadrinhos com a heroína buscam dialogar com pré-adolescentes e jovens sobre tráfico de pessoas, estupro e violência na Índia
Por: Mariana Lima
Em três graphic novels conhecemos Priya, uma menina camponesa indiana que sofre uma agressão sexual, e acaba sendo humilhada e rejeitada pela comunidade. Priya pede ajuda aos deuses após a violência.
É neste momento que Priya começa a trilhar seu caminho como heroína. Na história, os deuses a ouvem. O senhor Shiva quer castigar os homens, mas a deusa Parvati resolve dar a Priya uma missão: salvar o mundo mudando as normas sociais patriarcais que levam a violência contra as mulheres.
Priya monta um grande tigre de Bengala e usa um sári ou um salwar kameex, vestimentas tradicionais das mulheres indianas, enquanto vai atrás dos vilões.
As histórias de Priya começaram a ser publicadas em 2014, tendo como pano de fundo um estupro coletivo cometido em Délhi em dezembro de 2012. Hoje, as publicações são aclamadas pela crítica.
Priya não atua como nas HQs ocidentais. Suas histórias não se prendem à luta entre o bem e o mal. Priya não apenas derrota seus vilões, mas também reconhece o sistema sociocultural que os criou.
A heroína busca dar as mãos às vítimas da violência na Índia, como ocorreu na segunda edição de sua história. Junto com as vítimas de ataques com ácido, ela combateu o rei demônio Ahankar. A narrativa desta edição promove a divulgação de uma mensagem sobre corpos e liberdade das mulheres.
Na edição mais recente de sua história, Priya and the Lost Girls (2019), a heroína volta ao seu povoado para investigar o desaparecimento de meninas e mulheres, cabendo a ela encontrar e libertar de um prostíbulo subterrâneo essas mulheres rejeitadas pela comunidade.
A HQ utiliza uma linguagem caracterizada como “correta”, mas não hesita em abordar a realidade dura da violência para o seu público de leitores, em boa parte formado por jovens a partir de 13 anos.
Fonte: Huffpost Brasil