Terceiro setor oferece 6 milhões de postos de trabalho no Brasil
As mais de 815 mil organizações do terceiro setor que existem no Brasil respondem por cerca de seis milhões de postos de trabalho, além de apresentar contribuição de 4,27% no PIB; os dados são de pesquisa realizada pela FIPE e coordenada pela Sitawi Finanças do Bem
Por Ana Clara Godoi
O terceiro setor responde, direta e indiretamente, por 5,88% das ocupações remuneradas no país, o que representa 6 milhões de vagas de trabalho. É o que indica estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), encomendado pelo Movimento por uma Cultura de Doação e coordenado pela Sitawi Finanças do Bem.
A meta 8.3 da Agenda 2030 da ONU, que promove a geração de empregos, está em retrocesso, segundo a última edição do Relatório Luz. No entanto,
Leonardo Letelier, CEO e fundador da Sitawi Finanças do Bem, afirma que o número de postos de trabalho hoje gerados pelas organizações sociais seja bem maior do que os 6 milhões apurados no estudo. De acordo com ele, a base trabalhada são os dados da última pesquisa de insumo-produto fornecida pelo IBGE, de 2015.
“De lá para cá, além de aumentar o número de organizações sociais em 20%, enfrentamos crise econômica e a pandemia de Covid. Tudo isso seguramente impulsionou as atividades do Terceiro Setor e seu impacto na economia brasileira, que tende a crescer nos momentos de dificuldade econômica”, explica.
O estudo, intitulado A importância do Terceiro Setor para o PIB no Brasil, traz uma radiografia detalhada dessa cadeia produtiva, revelando sua real dimensão e interrelações com outros setores produtivos. “Esse número de ocupações geradas em torno do Terceiro Setor (5,88%), já se aproxima do índice de ocupações no setor agrícola (6,94%), que é uma das estrelas da economia nacional”, pontua Letelier.
São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são os Estados que concentram o maior número de ocupações remuneradas no Terceiro Setor, aproximadamente 1,8 milhão, 760 mil e 589 mil empregos respectivamente. Outro indicador da relevância do setor é o seu valor multiplicador na geração de ocupações e emprego. Na área de saúde, por exemplo, uma das avaliadas pelo estudo, para cada dez ocupações geradas diretamente nas atividades do Terceiro Setor, outros cinco empregos indiretos são criados para atendimento das demandas e produção de insumos relacionadas a essas atividades.
Letelier ressalta que os dados obtidos apresentam de forma clara e transparente a importância do Terceiro Setor para a economia nacional. “Acreditamos que esse estudo contribuirá decisivamente para mudar a visão do investimento filantrópico no país. Não se trata apenas de ajudar uma parcela desassistida da população, que já seria muito importante, mas também de contribuir para a geração efetiva de riqueza, emprego, renda e desenvolvimento sustentável”, pontua.
Segundo dados da última edição do Relatório Luz, a alta de desemprego é apontada como uma das causas fundamentais do empobrecimento da população; em julho de 2022, o desemprego atingia 10,5%, elemento que contribui para insegurança alimentar e que forçou crianças e jovens a ingressarem no mercado de trabalho. Em sua última edição, ao mostrar que nenhuma das metas do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8 (Trabalho decente e Crescimento econômico) foram cumpridas, o documento evidencia as barreiras para o cumprimento da Agenda 2030 da ONU e o impacto nos demais ODS, como: Fome zero, educação de qualidade, acesso à energia limpa, redução das desigualdades, indústria, inovação e infraestrutura.
Em contrapartida, a geração de postos de trabalho pelo terceiro setor tem gerado distribuição de renda e capilarização dos recursos em todo país.