“Titanic naufragando”: imprensa internacional destaca corrupção no Brasil
O já conturbado cenário político do Brasil ficou caótico depois das delações premiadas dos executivos do grupo JBS. Áudios gravados pelo presidente do grupo com o Presidente da República, Michel Temer, mostram que a corrupção no Brasil, mesmo com a Operação Lava jato, que prendeu vários empresários e já dura três anos, está longe do fim. Um dos destaques foi a resposta de Temer quando o empresário citou que pagava propina a juízes e procuradores: “Ótimo, ótimo”.
A bolsa de valores despencou e o dólar, que começava a baixar, teve a maior alta em 18 anos. Como investir em um país que não consegue eliminar a corrupção? A bolsa de valores chegou a ficar paralisada no dia seguinte à divulgação das delações. Muitos cogitavam uma renúncia do presidente, o que não ocorreu. E mais uma vez o país foi prejudicado.
A imprensa brasileira deu destaque às delações, mas não com a mesma visão preocupante da imprensa internacional. Alguns veículos brasileiros colocaram em dúvida as gravações (realizadas com a supervisão da Polícia Federal) e outros omitiram trechos importantes nos quais outros políticos são citados.
Um dos jornais americanos mais importantes, The Washinton Post, divulgou que “Os últimos dois dias pioraram a péssima situação do Brasil, fazendo o mercado financeiro despencar e apagando os sinais de uma recuperação econômica do país”.
O The New York Times destacou que o Brasil estava se preparando para superar a crise, “com o mercado financeiro em alta, banqueiros comemorando, legisladores se unindo em torno do corte de gastos e a inflação aparentemente controlada”, mas as delações da JBS acabaram com os planos. “Em uma questão de horas, tudo começou a desmoronar.”
O jornal cita também a gravidade do problema com a linha de sucessão de Temer: “As novas delações bombásticas mostram claramente que a turbulência econômica e política no maior país da América Latina está longe do fim. […] os políticos na linha de sucessão de Temer, inclusive os presidentes da Câmara e do Senado, estão envolvidos em investigações por corrupção, o que gera uma grande preocupação quanto à liderança e ao futuro do país”, afirma o jornal americano.
O espanhol El País disse que Temer tornou-se um “ativo tóxico, em termos políticos”, ressaltando que o presidente perdeu aliados em meio à crise.
A revista Forbes comparou o Brasil a um “Titanic naufragando” e diz que Temer “precisa de um bote salva-vidas”. A publicação debate os possíveis desfechos da crise e o futuro do governo, destacando que, em meio à crise, as reformas discutidas no Congresso ficaram para segundo plano.
O mundo e o país aguardam o desfecho da maior crise da história brasileira. E o que deveria ser óbvio aparentemente só agora ficou claro: o Brasil não conseguirá evoluir e nem ter credibilidade se não eliminar a corrupção.