Triste realidade: Brasil tem um órfão por covid a cada 5 minutos
Entre março de 2020 e abril de 2021, 113 mil crianças perderam o pai, a mãe ou ambos para a covid-19 no Brasil
A pandemia de covid-19 no Brasil, infelizmente ainda subestimada por muitos brasileiros, deixa um rastro de dor e morte. Desde março de 2020, 113 mil crianças perderam o pai, a mãe ou ambos para a covid-19 no Brasil. Isso corresponde a um órfão no Brasil em consequência da covid a cada 5 minutos. Contando as mortes de outros responsáveis pelas crianças, como avós, o número salta para 130 mil.
Foi o que revelou um estudo publicado no periódico científico Lancet. Os números podem ser ainda maiores, porque o período analisado foi entre março de 2020 e abril de 2021. Globalmente, a cifra ultrapassa 1,5 milhão de órfãos.
Foi o caso de Thiago e Antonielle Weckerlin (ou Nielle, como era conhecida). Casados por 13 anos, ambos acabariam intubados na mesma UTI de Ponta Grossa (PR), no hospital do Coração Bom Jesus. Primeiro morreu Thiago, numa madrugada de março de 2021, pouco antes de completar 35 anos. Onze dias depois, sem sequer ter chegado a saber que ficara viúva, morreria Nielle, aos 38 anos.
O casal, enterrado lado a lado, deixou quatro filhos, dois meninos e duas meninas. As crianças, com idades entre 1 e 11 anos, agora vivem com familiares que dizem ter condições financeiras de sustentá-los. Ainda assim, amigos e familiares arrecadaram R$ 70 mil em um esforço para ajudar o futuro delas.
No Congresso brasileiro, onde Thiago e Nielle foram homenageados por um deputado federal do Paraná, tramitam diversos projetos de lei para beneficiar com assistência social órfãos da covid-19. O governo federal já anunciou que planeja pagar uma pensão para órfãos já inscritos em programas sociais, algo em torno de 68 mil menores de idade, segundo estimativas.
Mas nenhuma dessas propostas de auxílio saiu do papel ainda. “Nossos dados são muito claros em mostrar que o Brasil é o segundo país com maior número de órfãos, atrás apenas do México”, afirma Susan Hillis, pesquisadora de doenças infecciosas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC). “Só posso dizer que existe um chamado urgente para que o país previna mortes e se prepare para proteger as crianças que vão precisar”, alerta a pesquisadora.
Fonte: G1
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23/07/2021 @ 16:11
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