Como os aplicativos móveis podem ajudar a sociedade civil?
Ferramentas facilitam desde a doação para ONGs até o registro de denúncias de crimes como o assédio
Por Rafael Menezes (Tejota Menezes)
Num mundo cada vez mais conectado e dependente de tecnologias portáteis, os smartphones têm se tornado verdadeiras ferramentas de inclusão, aprendizado e engajamento. A mobilização encontrou nos aplicativos móveis uma maneira de se perpetuar e conectar pessoas geograficamente distantes. Gradualmente, a sociedade civil está percebendo que, com poucos recursos e muita colaboração, é possível diminuir o distanciamento entre quem precisa de ajuda e quem pode oferecê-la.
Atentos a esse cenário, três amigos de Goiânia decidiram criar a TokHelp, uma plataforma digital de interação entre entidades com fins sociais do Brasil. Alexandre Calixto, Rogério Thomé e Marcelo Calixto desenvolveram o aplicativo para facilitar o apoio de doadores a igrejas e instituições filantrópicas nacionais. “Sempre fomos ligados à Igreja e fazíamos doações. Às vezes, o boleto não chegava ou recebíamos com a validade vencida. Percebemos que a gente poderia tornar o processo menos burocrático. Começamos no final de abril e já contamos com trinta instituições de Goiás, Distrito Federal, Paraná e São Paulo. Temos um plano de até o final do ano alcançar todos os estados do país”, explica Marcelo Calixto.
De maneira rápida e segura, o usuário da TokHelp realiza doações para organizações da sociedade civil ou religiosas cadastradas e também pode colaborar com campanhas de arrecadação sazonais, como o Dia das Crianças e o Natal. Os desenvolvedores destacam que os valores são descontados do cartão de crédito e as transações financeiras são supervisionadas pela Cielo: “Há um contrato entre o aplicativo e as instituições, que conseguem acompanhar a validação da operadora em tempo real”.
Outros projetos também auxiliam na captação de recursos para ONGs, fundações e institutos. Casos de: Cupong.me, aplicativo que permite a doação de notas fiscais; equalizze, ferramenta que intermedia contribuições mensais aos projetos sociais; Angry Pills, jogo que arrecada doações para o GRAACC a cada nova fase; Blooder, que visa aumentar o volume de doações de sangue nos hemocentros da Grande São Paulo e do Rio de Janeiro; e Satisfeito, app do movimento global de combate à fome infantil, que disponibiliza a lista dos restaurantes participantes.
Tão importante quanto colaborar com organizações do Terceiro Setor é mobilizar pequenos grupos da sociedade civil não organizada para enfrentar problemas cotidianos, como o assédio sexual e a violência urbana. Dois aplicativos foram lançados recentemente para suprir essa carência: Polícia Popular e SaiPraLá.
O Polícia Popular oferece botões para denúncia – com um toque, o usuário pode discar o 180, número da Central de Atendimento à Mulher, e denunciar um abuso sofrido ou presenciado na vizinhança. Além do crime de assédio, é possível identificar e mapear outros tipos de violência, como roubo, furto, tráfico de drogas, sequestro e homicídio. Os usuários ainda recebem alertas do aplicativo baseados em sua localização, prevenindo-os de possíveis ataques.
Já o app SaiPraLá foi pensado por e para a mulher. A ideia surgiu quando a estudante Catharina Doria, de 17 anos, foi assediada na rua e não sabia como reagir. Em vez de ceder aos seus primeiros impulsos, ela se reuniu com amigos e decidiu criar um aplicativo de mapeamento coletivo dos pontos de assédio sexual no Brasil. Sem se identificar, a vítima cadastra o tipo de assédio, o período do dia e o endereço onde ele ocorreu. Além disso, Catharina pretende compartilhar os dados coletados pela rede colaborativa com os órgãos competentes para exigir deles políticas públicas eficazes.
Todos as ferramentas citadas são gratuitas e a maior parte delas está disponível para download na Google Play Store e na App Store.