A busca pelo corpo perfeito é para agradar a você ou aos outros?
Estamos vivendo o período das dietas, corridas para academias e cirurgias plásticas. As cobranças para essas atitudes são muitas: chegou o verão, fartura nas festas de fim de ano, carnaval, entre outros. Mas a busca pelo corpo perfeito é para satisfazer a nós mesmo ou às outras pessoas?
A pesquisadora americana Tracy Tylka, da Universidade de Ohio, junto com sua colega Casey Augustus-Horvath, fez um extenso estudo sobre a autoimagem corporal das mulheres. Os resultados foram publicados na revista científica Journal of Counseling Psychology.
Uma descoberta interessante no “modelo de aceitação” criado pelas pesquisadoras é que o índice de massa corporal não tem uma influência direta sobre como as mulheres veem a si mesmas. A influência do índice de massa corporal é mediada pelo efeito “como os outros me veem”.
“Assim, se uma mulher tem muito peso, ela pode ter uma boa imagem corporal se ela não dá importância a que os outros estejam tentando mudar o seu perfil ou o seu peso corporal. E vice-versa, se as mulheres têm um índice de massa corporal baixo, elas podem ter uma imagem ruim do próprio corpo se perceberem que pessoas importantes para elas não aceitam sua aparência, mas não por causa de seu peso,” diz Tylka.
Em outras palavras, a pessoa pode estar com um peso ótimo em termos de saúde, mas se ela achar que não é suficiente, que as pessoas não aceitam, sempre vai sofrer em busca do peso ideal.
Os homens também estão sofrendo com o padrão de beleza imposto nos dias atuais. Outro estudo feito pela mesma pesquisadora apresentado em Nova Orleans, no Congresso anual da Associação Americana de Psicologia, mostra que os homens também se angustiam por não se parecerem com os saradões expostos nas capas de revista, e isso os incentiva a tomarem atitudes para melhorar a saúde e a forma física.
O estudo foi feito com 285 estudantes que foram convidados a preencher um questionário sobre o estresse que lhes causava a imposição da sociedade por um corpo perfeito.
A maioria dos entrevistados respondeu que constantemente sofre pressão por causa de sua forma física, e que, de um modo geral, o único modelo aceito como desejável pela sociedade é o do homem sarado e musculoso. Afirmaram também que frequentemente se sentem insatisfeitos com o próprio corpo.
O mais inquietante do estudo, porém, foi a disposição demonstrada pelos jovens para enfrentar o problema: a maioria se confessou adepta de métodos radicais para alcançar o corpo perfeito, como tomar anabolizantes para ganhar músculos e se submeter a dietas desequilibradas para emagrecer.
Muitas pessoas passam a vida se privando de alimentos prazerosos e momentos agradáveis com as pessoas que gostam apenas para terem o corpo que os outros acham perfeito. E a opinião da sociedade muda constantemente. Na década de 50, Marilyn Monroe marcou época com suas coxas generosas e seios fartos. Tinha 1,67 m de altura, 94 cm de busto, 61 cm de cintura e 89 cm de quadril. Com essas medidas, Marilyn não se tornaria modelo hoje em dia. Mas na época foi mais do que um padrão de beleza, foi um símbolo sexual.
Dez anos depois, o ideal de beleza inverteu-se completamente. Em meados dos anos 60, a londrina Twiggy levou por água abaixo toda a beleza da fartura com seu corpo esquelético. Com 1,57 de altura e 42 kg, cabelos claros e curtinhos, ela virou febre entre as adolescentes. Hoje, com nove quilos a mais, lançou o livro “A Guide to Looking and Feeling Fabulous Over Forty” (em português, “Um Guia para Parecer e se Sentir Bonita Depois dos Quarenta”).
E em cada década surge um novo padrão para encher os consultórios médicos de pessoas que, em busca da beleza, adquirem bulimia (grave distúrbio alimentar caracterizado pela compulsão por comer, seguida de métodos para evitar o ganho de peso), aneroxia (distúrbio alimentar que leva o indivíduo à obsessão pelo seu peso e por aquilo que come) e também depressão.
O padrão de beleza imposto pela mídia e sociedade como saudável nem sempre é tão saudável assim. A restrição de alimentos torna obrigatória a ingestão de vitaminas e suplementos. Muitas mulheres param de menstruar pela falta de gordura no corpo.
“A imagem do corpo ideal musculoso é tão massivamente difundida na sociedade que os homens se sentem obrigados a ter um corpo assim. Em vez de pressionar as pessoas – sejam homens ou mulheres – para ter um corpo assim ou assado, deveríamos aceitá-las como são externamente e nos concentrar apenas em suas características internas”, finaliza Tracy Tylka.
72% das mulheres no mundo dizem sofrer pressão para serem bonitas
15/12/2017 @ 17:09
[…] Tylka, da Universidade de Ohio (EUA), junto com sua colega Casey Augustus-Horvath, fez um extenso estudo sobre a autoimagem corporal das mulheres. Os resultados foram publicados na revista científica […]