Acnur sugere alternativas a europeus para combater mortes no Mediterrâneo
Em entrevista à Rádio ONU, consultor jurídico da Agência das Nações Unidas para Refugiados diz que há formas de resgatar migrantes e conter fluxo, mas países têm que adotar medidas.
Os países da Europa precisam lançar mão de alternativas para ajudar a conter a questão das viagens de risco pelo Mediterrâneo em embarcações irregulares.
A proposta é do Alto Comissariado da ONU para Refugiados, Acnur. Em entrevista à Rádio ONU, de Paris, o consultor jurídico da agência lembrou o caso do Brasil, que “ofereceu 4 mil vistos humanitários” para cidadãos sírios que fogem da guerra no país árabe.
Preocupação
José Fischel contou que, no ano passado, mais de 207 mil pessoas chegaram à Europa por via marítima. Deste total, 3,4 mil morreram na travessia pelo Mediterrâneo. Segundo ele, é hora de fazer mais para salvar essas vidas. Para Fischel, a preocupação do Acnur é com a segurança das pessoas. “O que nós cremos que os Estados europeus devem fazer é aumentar os seus esforços para resgatar as pessoas que tentam atravessar o Mediterrâneo para chegar na Europa. E também aumentar os esforços para providenciar alternativas legais para essas viagens, que muitas vezes são perigosas.”
Uma das propostas do Acnur é de construir pontes entre os países da região e a sociedade civil, como por exemplo o abrigo temporário de famílias europeias a migrantes e refugiados de guerra.
Famílias
“Uma outra alternativa é facilitar a reunificação familiar. Uma outra possibilidade são programas para estudantes ou vistos de trabalho. Ou senão, patrocínio. Famílias que dizem: ‘Eu estou disponível a receber uma família de sírios, uma família de refugiados do Afeganistão, e me comprometo a auxiliar essas pessoas durante um período de seis meses a 1 ano’. Ou seja: possibilidades há. O que os Estados têm de fazer agora é utilizá-las para evitar tantas mortes no Mediterrâneo.”
Na semana passada, o vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, realizou uma reunião com especialistas em migração e com o chefe do Acnur, António Guterres, para debater um novo fenômeno no tráfico de pessoas pelo Mediterrâneo.
Em apenas duas semanas, três navios cargueiros foram deixados à deriva com centenas de migrantes no mar. O resgate das três embarcações irregulares foi feito pela Guarda Costeira da Itália. Em apenas um navio abandonado, havia cerca de 800 migrantes, a maioria cidadãos da Síria.
Jan Eliasson afirmou que é preciso “abordar com urgência as causas da questão”, ao se referir à tentativa dos migrantes de se arriscarem para entrar na Europa pelo mar.
Escute a reportagem da rádio ONU, parceira de conteúdo do Observatório do Terceiro Setor: http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2015/01/acnur-sugere-alternativas-a-europeus-para-combater-mortes-no-mediterraneo/#.VKvwNtLF8iY