Rejeição de 70 milhões de doses da Pfizer por Bolsonaro será foco da CPI
Segundo Fábio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação, a recusa do governo à oferta de 70 milhões de doses da Pfizer em agosto do ano passado foi resultado da “incompetência e ineficiência” da gestão do general Pazuello
O Brasil segue com a vacinação em atraso. Várias cidades do país tiveram que parar a imunização temporariamente, por falta de vacinas. O atraso na procura por vacinas contra a covid-19 e a rejeição de milhões de doses da Pfizer pelo presidente Jair Bolsonaro vão ser alvo de investigação na CPI da Pandemia.
Estão previstos os depoimentos do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Antonio Barra Torres; do ex-secretário de Comunicação do governo Jair Bolsonaro, Fábio Wajngarten; e de executivos da farmacêutica americana Pfizer.
Com a sabatina dessas testemunhas, os senadores querem apurar a responsabilidade do governo federal na demora da imunização da população, já que a gestão Bolsonaro inicialmente recusou em 2020 ofertas de vacinas da Pfizer, do Instituto Butantan e do consórcio Covax Facility.
O tema vacinas deve continuar no centro da CPI também na semana seguinte, quando será ouvido o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre negociações internacionais para aquisição de imunizantes.
O depoimento mais aguardado desta semana é o de Fábio Wajngarten, que ocorre na quarta-feira (12/05). Em entrevista recente à revista Veja, ele fez duras críticas ao ex-ministro Pazuello, que serão exploradas pelos senadores.
Segundo Wajngarten, a recusa do governo à oferta de 70 milhões de doses da Pfizer em agosto do ano passado foi resultado da “incompetência e ineficiência” da gestão do general, que comandou o ministério entre maio de 2020 e março de 2021.
O ex-secretário de Comunicação disse que tomou a dianteira das negociações com a farmacêutica americana diante do desinteresse da pasta da Saúde pela oferta da empresa. Ele afirmou à revista inclusive ter documentos que provam isso, como e-mails e registros telefônicos.
Na entrevista, Wajngarten eximiu o presidente de responsabilidade, atribuindo toda a culpa à equipe de Pazuello. Para críticos de Bolsonaro, a tentativa de separar a responsabilidade do presidente da do general é difícil, porque o próprio Pazuello disse em vídeo ao lado dele estar cumprindo fielmente suas ordens.
Até o momento, Pazuello não se manifestou publicamente sobre estas acusações.
O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), quer depois marcar uma acareação entre Wajngarten e Pazuello, para confrontar a versão de cada um. A proposta ainda precisa ser aprovada pela maioria da comissão.
Fonte: BBC Brasil