Tragédia no RS aconteceu exatamente no mesmo período, há 83 anos
A tragédia que está acontecendo no Rio Grande do Sul, que destruiu mais de 200 mil moradias, deixando mortos, feridos e centenas de milhares de desabrigados já aconteceu no mesmo período, mas há 83 anos, em 1941. Cerca de 70 mil pessoas (de uma população de 272 mil habitantes) tiveram de abandonar suas casas e a recuperação levou anos.
A tragédia que está acontecendo no Rio Grande do Sul e que destruiu mais de 200 mil moradias, deixando mortos, feridos e centenas de milhares de desabrigados já aconteceu no mesmo período, mas há 83 anos, em 1941.
“Foi uma revolução dos elementos da natureza, associados numa empreitada sinistra de destruição e angústia”. É assim que um relatório destinado ao prefeito de Rio Grande descreve a inundação de 1941.
As águas invadiram o cais do porto de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, no dia 30 de abril, e rumaram para o centro em marcha contínua. O ápice da altura foi no dia 8 de maio, quando as águas do Guaíba chegaram a impressionantes 4,76m acima do nível normal.
Cerca de 70 mil pessoas (de uma população de 272 mil habitantes) tiveram de abandonar suas casas e a recuperação levou anos. “Foi um grande trauma”, afirma André Silveira, pesquisador do Instituto de Pesquisas Hidrológicas (IPH) da UFRGS.
Oitenta e três anos depois, também no dia 8 de maio, as águas do Rio Guaíba estão novamente acima do nível normal.
O trauma de 1941, embora devastador, pouco mudou na relação da cidade com as águas. Foi preciso uma nova inundação, desta vez em 1967, para que algo fosse efetivamente feito.
Os efeitos de 1967 resultaram na criação do Sistema de Proteção Contra Cheias. Inaugurado na década de 1970, é composto pelo muro da Avenida Mauá (onde fica parte das comportas), o muro de concreto no Centro Histórico, casas de bombas e diques espalhados por diferentes pontos. Ao todo, são 68 quilômetros de diques, 14 comportas e 19 casas de bombas, de acordo com a prefeitura de Porto Alegre.
A estrutura compõe um sistema que deveria proteger a cidade de cheias de até 6m, o que significa que se tudo estivesse funcionando como deveria, Porto Alegre estaria seca neste momento.
Mas, como se sabe, não foi assim que aconteceu. Das cinco maiores cheias do Guaíba registradas desde 1941, quatro ocorreram apenas nos últimos oito anos. Em 2023, o Rio Grande do Sul já tinha batido marcas históricas de alagamentos.
Fonte: Veja