Congresso Internacional debate sobre a pobreza infantil no mundo
Esse problema força os jovens a tomarem atitudes extremas e as consequências disso afetam todo o seu desenvolvimento
O evento realizado pelo Conselho Independente de Proteção da Infância (CIPI), que começou na última quinta-feira (13), trouxe em debate o tema Pobreza Infantil no Mundo. Reunindo diversos representantes de instituições, escolas e projetos sociais, o Congresso Internacional e Interuniversitário recebeu quase mil pessoas na busca de soluções para esse problema.
Migração e pobreza
A relação entre migração e pobreza é um assunto amplo, porém, muito importante de ser discutido. Você já parou pra pensar no que leva a pessoa a querer sair do seu país? Não são apenas os conflitos armados, apesar de eles serem o principal motivo. Causas como a pobreza, violação dos direitos, exploração e perseguição, podem levar muitas pessoas a procurar abrigo em outro país e recomeçar a vida. Essas diversas causas é o que levam crianças as aparecerem desacompanhadas em fronteiras de diversos países do mundo.
A pobreza força as pessoas a se mudarem em busca de oportunidades. Os mais jovens vão em busca de estudos, dignidade, e de um lugar onde seus direitos são levados a sério, mas ainda assim, se sentem frustrados e sem saber o que fazer.
“A criança é um ator e um tomador de decisão, a gente tem que garantir que ela possa participar de todo tipo de mecanismo para poder se expressar e dizer a razão dela ter saído de seu país de origem”, afirmou Patrícia Nabuco, membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Deslocados Ambientais. “A criança deve ser reconhecida como um sujeito de direitos e que devem ser cumpridos, respeitados e garantidos”, completou.
Educação
A pobreza influencia significativamente no desenvolvimento dos jovens em todo o mundo. E junto a ela, temas como drogas, violência, abandono escolar, trabalho infantil, e tantos outros, tendem a aparecer. Mas para resolver essa situação, que parece ser a raiz de outros vários problemas, o que devemos fazer?
O ideal para começar os trabalhos de erradicação da pobreza é através da educação. Mas quando você pensa em educação, logo vêm na cabeça as ações e os investimentos dos governos. Só que dessa vez não é apenas de governo que estamos falando.
Atitudes inovadoras dos próprios educadores podem contribuir para que as crianças sintam-se confortáveis e incentivadas a continuar frequentando as escolas e a ter seu próprio reconhecimento como sujeito de direitos.
Um dos maiores exemplos disso é a Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Nelson Mandela, localizada na zona norte de São Paulo e que estava afundada no racismo, preconceito e violência.
Hoje, a EMEI é uma das melhores escolas públicas da região, e só conseguiu mudar completamente sua imagem após a iniciativa da pedagoga Cibele Aracy, que assumiu a direção da escola em 2005.
“O caminho que me pareceu mais humano foi colocar a criança no meio dessa relação, entre escola e família, e isso me fez radicalizar a democracia dentro daquele espaço físico a ponto de saber dividir e compartilhar poder”, disse Cibele. “Conseguimos enriquecer nossas relações escutando mais essas crianças, assim foi possível revolucionar uma escola pública”, conclui.
O Congresso
O Congresso Internacional e Interuniversitário contra a Pobreza Infantil no Mundo está percorrendo, desde o início do ano, diversas Universidades do mundo, sendo mais de 30 espanholas, uma Universidade de Portugal, uma Universidade do Marrocos, Colômbia, passando pela UNIFESP, no Brasil e finalizará sua trajetória apresentando as conclusões no VII Congresso Mundial pelos direitos da Infância e da Adolescência no final de 2016, em Assunção, no Paraguai.
“Esse evento está cumprindo com o seu propósito, que é colocar as pessoas em rede; a gente tem ONGs, escolas particulares, escolas públicas, crianças, adultos, educadores de todos os níveis, e essa é a função do Conselho Internacional”, declarou Irene Reis, diretora do Congresso. “Nesse momento, as pessoas que vieram fazer parte desse evento já fazem parte de uma rede internacional de transformadores sociais”, afirmou.