A diversidade na gestão pode garantir o sucesso de uma ONG
Facilitar o processo de doação, usar diferentes táticas para captar recursos e investir em comunicação são ações fundamentais para alcançar sustentabilidade financeira
Manter uma organização sem fins lucrativos não é nada fácil. O processo é parecido ao de uma empresa privada, pois exige planejamento, estratégias, campanhas, profissionais capacitados e uma boa gestão.
Para incentivar a profissionalização das organizações da sociedade civil, o Festival ABCR 2017 reuniu uma série de especialistas em captação de recursos. A seguir, veja algumas dicas que podem ser muito úteis a sua instituição.
Diversidade
A diversidade não se restringe a questões relacionadas a cor, raça ou sexualidade. Diversidade vem daquilo que é diverso, variado. Assim, sempre que possível, varie: no perfil dos profissionais da sua organização, nas opções para doar para a sua entidade (como boleto, site e aplicativo para celular), na forma como você atrairá doadores (e-mail, redes sociais, telefone e diálogo direto, por exemplo).
Promover a diversidade em uma organização da sociedade civil pode garantir mais doadores, com mais opções de fonte de receita, além de mais canais para divulgação.
Captação de recursos
Uma ONG deve girar em torno do diverso, assim, deve buscar diferentes formas de arrecadar dinheiro, seja por meio de eventos ou até mesmo crowdfunding. Ao conseguir variadas formas de captação, a chance de conseguir mais doadores é maior, pois você dá opções para quem quer doar.
Quando se investe em diversificação, há a diminuição de riscos dentro da instituição, pois sempre haverá uma opção de renda extra e o caixa dificilmente ficará vazio.
Ainda assim, ter dinheiro não significa ter tudo. Mais do que conseguir arrecadar renda, é necessário ter recursos humanos e profissionais competentes que possam gerir uma organização de forma séria e transparente. Afinal, a transparência e a prestação de contas aumentam a confiança do doador.
O ideal para a garantia de permanência e independência de uma instituição é arrecadar o que precisa para trabalhar de seis meses a um ano. Essa precaução é necessária para que, em eventuais problemas, se tenha uma reserva de renda capaz de suprir os gastos e garantir as atividades da organização até que o problema seja resolvido.
Existem diversas maneiras de captar recursos, o Observatório fez uma lista com algumas das opções que podem ajudar a sua ONG.
Em algumas regiões do Brasil, eventos como leilões são bastante utilizados para conseguir arrecadar fundos. O Hospital do Câncer de Barretos, interior de São Paulo, utiliza o Leilão de Gado como uma de suas principais atividades para conseguir dinheiro.
Campanhas
As campanhas servem não só para incentivar a reflexão sobre uma causa, mas, principalmente, para captar recursos por meio de doações. Pensando assim, a criatividade faz parte de atividades primordiais dentro da ONG: as campanhas e projetos.
Seja uma campanha para divulgar algum trabalho ou um projeto para ajudar pessoas de comunidades carentes, tudo deve ser pensado e planejado estrategicamente, com metas, objetivos e razões para ser realizado.
A divulgação é o que move o trabalho da entidade. A tecnologia vem crescendo, a internet está sendo mais acessada, e, com ela, mais pessoas estão logadas nas redes sociais. Com isso, usufruir desse tipo de ferramenta é uma das maneiras mais simples de se comunicar com os doadores em potencial, diversificando os métodos de divulgação e contato com o público-alvo.
Sites, páginas, blogs, tudo que permita a transparência do trabalho da organização favorece para que mais pessoas se interessem em participar, de forma direta ou indireta. Com tantas informações correndo o tempo todo, fica difícil competir com vídeos de cachorrinhos fofos ou com aqueles memes que se tornam virais. Mas, já parou para pensar que isso pode ser de boa utilidade?
A informação tem tido cada vez menos importância, dando espaço para o entretenimento. Mas existem maneiras de comunicar e divertir de forma simultânea. Campanhas que aproveitam o que está em alta nas redes tendem a ter sucesso, conquistando a atenção do público e atraindo os possíveis doadores que estão interagindo entre uma publicação e outra.
As hashtags têm sido bastante utilizadas, tanto em eventos quanto em campanhas sociais. Trabalhar com criatividade em campanhas é como ser um fashionista que busca as tendências de moda do próximo verão. Você deve analisar o que as pessoas falam, o que está na “moda”, quais os assuntos da vez, para se aproveitar disso e usar como base de ações de comunicação da entidade. “Um criador de campanhas deve ser um caçador de tendências,” disse o argentino Marcelo Iniarra, líder da empresa de consultoria ChaXcha.
Doadores
Após estabelecer essa conexão com os doadores em potencial que estão nas redes sociais, é necessário fazer um contato direto. Construir uma ferramenta de cadastro e mandar e-mails, por exemplo, pode ser uma boa estratégia.
O contato via telefone costuma demandar tempo e persistência. Podemos compará-lo ao mercado imobiliário: não é toda ligação para um suposto comprador que resultará em uma venda de milhões de reais, assim como não é em apenas uma ligação que sua organização conseguirá um doador.
As pessoas também têm problemas, sejam pessoais, profissionais ou financeiros. A correria do dia a dia faz aquela ligação importante ter que ser adiada diversas vezes até que a pessoa esteja disposta a te atender e fornecer a atenção necessária para que você mostre seu trabalho.
Valorize cada possível doador. Dedique uma hora do seu dia para ligar a todas as pessoas que possam estar interessadas. Esses contatos você consegue através das campanhas, dos cadastros, das ações “face to face” (abordagem na rua). Apenas desista daquele doador em potencial se ele disser que você está atrapalhando. Caso contrário, não tome a decisão por ele. Ele pode não te atender justamente pela falta de tempo, cansaço, enfim, diversos outros motivos.
“Não dá para supor que você está incomodando; quando você acha isso, é coisa da sua cabeça, mas mesmo que você esteja incomodando, se ele não deu atenção deve haver várias razões”, afirma John Greenhoe, escritor do livro Opening the Door to Major Gifts: Mastering the Discovery Call. “Em algumas culturas parece que pedir doação é uma coisa mal educada, deve haver uma mudança de pensamento, porque isso é uma questão psicológica”, conclui.
Como conseguir investidores
Fazer planejamento de gestão, fazer campanhas criativas, atrair doadores e, claro, buscar investidores. São etapas que devem ser feitas com bastante atenção e que demandam tempo. Só que diante de tantas etapas para alcançar o sucesso de uma organização, não se pode esquecer do principal: a causa pela qual a ONG luta, ajuda e defende.
“O financiador se envolve com a causa e o propósito da organização, isso é a parceria”, disse Sérgio Loyola, coordenador administrativo social da Fundação Salvador Arena. “Os projetos não devem ser feitos para as pessoas, e sim com as pessoas”.
Segundo Sérgio Loyola, um dos maiores obstáculos na conquista das parcerias e investidores no Terceiro Setor é a falta de planejamento e revisão dos propósitos. Quando se trata de um edital que oferece muito dinheiro, muitas vezes o propósito de uma organização pode se perder no caminho somente para se encaixar naquele edital e conseguir a renda. “Ser fiel à causa é um bom diferencial para conseguir financiamento”, conclui.
O ideal é não buscar um financiador olhando-o como se fosse um monte de dinheiro, mas sim alguém que irá ajudar no desenvolvimento da organização como um todo. “As empresas querem auxiliar no desenvolvimento das ONGs para que haja um beneficio mútuo”, afirma a diretora executiva do Fundo Baobá, Selma Moreira.
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Portal Audisa » A diversidade na gestão pode garantir o sucesso
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