Roubos e furtos de bicicletas crescem em São Paulo
Veja dicas de como evitar esses problemas sem ter que abandonar a bike no dia a dia
A fase de criação da infraestrutura para transporte por bicicletas em São Paulo foi superada. Já são mais de 400 quilômetros de faixas segregadas para ciclistas, segundo dados atualizados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Com o aumento da malha, aumentou o número de ciclistas e, com eles, o número de roubos e assaltos. No final de dezembro de 2015, a arquiteta Silvia Carneiro sofreu uma tentativa de roubo na porta de uma padaria no bairro da Lapa, zona oeste da Capital. “Paramos na padaria Santa Etienne na rua Padre Pereira de Andrade. Minha filha e o namorado dela deixaram as bikes no chão e entraram. Eu fiquei esperando. Um rapaz saiu da padaria e tentou fugir com uma das bicicletas, mas eu segurei. Foi um estresse; levei alguns socos, mas não larguei a bicicleta. Como comecei a gritar ele fugiu. Ninguém ajudou, nem os guardas da padaria”, explica.
De acordo com uma pesquisa sobre o perfil do ciclista produzida pela ONG Transporte Ativo em 2015, a qual ouviu 5012 pessoas em 10 capitais brasileiras, 7,4% dos ciclistas que responderam o questionário informaram que a segurança pública é a sua principal preocupação do dia a dia. Em São Paulo, o índice é de 7,2%.
Meu amigo Tom, morador aqui do Rio Pequeno passou pela experiência dois anos atrás. Eu voltava do trabalho por volta das 19h30 e o vi andando a pé pela ciclovia da avenida Escola Politécnica, no trecho entre USP e avenida Corifeu de Azevedo Marques. Contou que o roubo tinha sido feito por um grupo de meninos que vinham na direção contrária. Ele chegou a registrar o roubo na delegacia próxima, mas o escrivão disse na hora que seria impossível recuperar o bem.
Há um caso famoso. O promotor de justiça de São Paulo, Roberto Bodini, teve sua Sprint de R$ 20 mil roubada em janeiro de 2014, quando treinava ciclismo dentro da Cidade Universitária. Segundo o jornal Folha da S.Paulo, ele teria feito um acordo com os bandidos para recuperar o bem e pago R$ 2 mil por isso. O amigo de um amigo teria intercedido junto aos líderes da comunidade São Remo, uma favela vizinha à USP, para facilitar a recuperação. Bodini negou a versão.
Pegando carona no assunto, o ciclista Pedro Cury criou em 2009 o site biciclestasroubadas.com.br, onde é possível cadastrar os roubos e furtos das magrelas no País por um preço módico. A estatística do site mostra que a capital paulistana lidera o ranking de furtos e roubos com 21,3% do total, seguida por Rio de Janeiro, com 15%, e Curitiba, com 8%.
Vale lembrar que roubos são aqueles em que o bandido te ataca e pega seu bem. Aqui na capital, foram 27 em 2013, 26 em 2014 e 45 em 2015. Em 2016, no primeiro trimestre, o número já é de oito roubos. Já os furtos, que atestam o descuido do dono da bicicleta em ter um cadeado mais eficiente, são maiores: 89, 65, 125 e 23, respectivamente.
A criminalidade é um tema sensível, pois o medo leva nosso cérebro a contestar a decisão em pegar a bicicleta. A partir do momento em que dizemos a ele que temos medo de ser assaltados, o retorno ao uso do automóvel ou do ônibus é tentador. O fato é que estamos expostos à criminalidade em qualquer momento, principalmente em uma cidade como São Paulo. Podemos ser assaltados em um engarrafamento da Avenida Brasil, da Vinte e Três de Maio ou na Radial Leste ou mesmo a pé, em qualquer esquina. Por isso, o planejamento e a atenção são os maiores aliados contra o infortúnio como esses.
Eu tenho minhas técnicas. Variar caminhos e horários é um deles, assim como usar a faixa de carros ao invés da ciclovia, só por precaução, em lugares onde considero ter mais incidência de roubos. Outra técnica que uso em ciclovias está em ir devagar, analisando os arbustos e o movimento contrário. Assim é mais fácil identificar possíveis problemas e mudar o trajeto se necessário.
Se possível, o ciclista urbano deve se comportar como um antílope na savana e andar em grupo para diminuir a ação de bandidos. Mas não dá para evitar o roubo de assaltantes que andam em motocicletas e portam revólveres. Com esses, o negócio é parar e entregar a bicicleta.
Alguém pode perguntar o que a polícia tem feito? Eu procurei dados estatísticos sobre o assunto no site da Secretaria de Segurança, mas eles não são detalhados. Eu sei que na Cidade Universitária a implantação de rondas da Polícia Militar após a onda de roubos que ocorreu em 2013 e 2014 diminuiu a ação dos bandidos. E dias atrás, na primeira semana de abril, cruzei com quatro policiais militares circulando na ciclovia da Hélio Pelegrino e Faria Lima.
No Facebook, existem vários grupos de ciclistas que se ajudam mutuamente. O grupo “BicicletadaSP” é um deles. Os membros costumam postar suas experiências e responder a perguntas dos colegas sobre assuntos relacionados a esse tipo de problema. A informação e a solidariedade são a maior defesa que temos.