Um em cada quatro domicílios não teve comida suficiente em 2023
Dados da PNAD Contínua Segurança Alimentar mostram que um em cada quatro domicílios brasileiros apresentou algum grau de insegurança alimentar em 2023, o que significa que os moradores não sabiam se teriam comida suficiente ou adequada na mesa.
Dados da PNAD Contínua Segurança Alimentar mostraram que um em cada quatro domicílios brasileiros apresentou algum grau de insegurança alimentar em 2023, o que significa que os moradores não sabiam se teriam comida suficiente ou adequada na mesa.
No total, cerca 64,1 milhões de pessoas viviam nesses domicílios, sendo que 11,9 milhões deles enfrentavam uma situação ainda mais dramática e outros 8,6 milhões beiravam a fome.
O IBGE, responsável pelo levantamento, classifica a insegurança alimentar em três níveis:
- Insegurança alimentar leve: falta de qualidade nos alimentos e uma certa preocupação ou incerteza quanto o acesso aos alimentos no futuro.
- Insegurança alimentar moderada: falta de qualidade e uma redução na quantidade de alimentos entre os adultos.
- Insegurança alimentar grave: falta de qualidade e redução na quantidade de alimentos também entre as crianças. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no lar.
- Já a segurança alimentar é classificada como o acesso pleno e regular aos alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.
Mesmo o cenário sendo preocupante, dados comparativos indicam que a situação melhorou. Entre o início de 2022 e o fim de 2023, cerca de 24,4 milhões de pessoas saíram da insegurança alimentar grave e 44,4 milhões de pessoas saíram da condição de insegurança alimentar moderada. Essa é a leitura que o Instituto Fome Zero faz ao comparar os dados divulgados pelo IBGE com a pesquisa desenvolvida pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN).
“Embora um em cada quatro domicílios brasileiros tenha apresentado algum grau de insegurança alimentar no ano passado, a segurança alimentar voltou a crescer, ou seja, mais brasileiros passaram a ter pleno acesso aos alimentos, tanto em quantidade suficiente como em qualidade adequada. E, quando a gente analisa os dados na linha do tempo, percebemos que estamos nos aproximando dos números de 2014, quando saímos do Mapa da Fome. Os números divulgados hoje reafirmam a nossa certeza de que, quando há vontade política, conseguimos erradicar a fome. Estamos falando de cerca de 24 milhões de pessoas que deixaram de passar fome, é um dado a ser celebrado”, comenta José Graziano da Silva, diretor geral do Instituto Fome Zero, ex- diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) de 2012 a 2019.
“Cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. As reduções percentuais na insegurança alimentar constatadas na pesquisa do IBGE significam milhões de pessoas deixaram de conviver cotidianamente com a fome. Estamos no rumo certo e temos que valorizar o esforço do governo federal para enfrentar esse grave problema. Não são números, são pessoas. E o principal fator que contribuiu para a redução da fome no Brasil ano passado foi o aumento da renda domiciliar. Em 2023, o aumento na massa de rendimentos do trabalho real foi de 11,7%, o maior desde o Plano Real”, lembra Walter Belik, diretor adjunto do IFZ.
Essa é a quinta série de resultados que o IBGE produz. O índice de 2023 é o segundo melhor, 72,4%,para a segurança alimentar, atrás apenas de 2013, quando 77,4% dos domicílios tinham acesso a uma alimentação de qualidade.
Segundo o IBGE, os motivos para essa melhora têm relação com fatores como investimento em programas sociais, recuperação econômica e preço dos alimentos.
Fontes: g1 e Instituto Fome Zero