43 mil pessoas morrem por ano na Europa por falta de áreas verdes
Estudo usou recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre os benefícios à saúde do acesso a áreas verdes. Maioria das cidades europeias possuem indicadores ruins no quesito
A falta de acesso a áreas verdes em cerca de mil cidades de 31 países europeus – os 27 da União Europeia, mais Reino Unido, Suíça, Noruega e Islândia – está por trás de quase 43 mil mortes anuais, segundo as estimativas de um estudo publicado na revista The Lancet Planetary Health no começo de outubro e liderado pela brasileira Evelise Pereira, pesquisadora do Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal).
Para chegar a esse número, os pesquisadores partem de recomendações contidas em um relatório do escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a Europa, que propõe que os cidadãos tenham acesso a um espaço arborizado a uma distância linear de até 500 metros do seu domicílio, o equivalente a cinco minutos de caminhada.
Evelise Pereira explica que as áreas verdes têm “benefícios para a saúde física e mental”, conforme determinaram inúmeros estudos científicos. “Só de poder olhar para uma área verde já se observam benefícios para a saúde mental”, acrescenta a pesquisadora.
“Os espaços verdes estão associados à redução da mortalidade por causas naturais”, salienta o estudo, que enumera benefícios associados à possibilidade de fazer exercício físico nessas áreas e à redução da poluição, também vinculada à presença de vegetação.
Foram colhidos dados de 978 cidades e 49 áreas metropolitanas com mais de 50 mil habitantes nos 31 países europeus selecionados. Os pesquisadores dividiram as urbes em quadrados de 250 por 250 metros para determinar o acesso a essas zonas verdes.
Nas cidades europeias analisadas, o número de óbitos chega a 42.968. Na Espanha, onde foram estudadas 100 aglomerações urbanas, o número de mortes por ano foi estimado em 3.809. “O impacto na Espanha é menor que em outras zonas da Europa”, salienta Pereira.
Levando-se em conta apenas as capitais, Bruxelas (na Bélgica), Copenhague (na Dinamarca), Budapeste (na Hungria), Paris (na França) e Atenas (na Grécia) são as cidades do continente com os piores resultados pela falta de acesso a áreas verdes. Madri, na Espanha, se sai muito bem e é a quinta com menos impactos negativos por este motivo. O estudo inclui os dados da área metropolitana de Madri e estima 620 mortes relacionadas ao pouco acesso a áreas verdes.
Já a área metropolitana de Barcelona, segundo os critérios utilizados para o estudo, está em uma situação muito pior que a capital espanhola e mais afastada das recomendações da OMS. Para Barcelona, estima-se uma mortalidade de 924 pessoas, o que significa que a cidade acumula quase 25% das mortes vinculadas à falta de acesso às áreas verdes entre uma centena de cidades espanholas analisadas.
A pesquisadora admite também que seu estudo tem uma limitação importante: a dificuldade de avaliar os efeitos positivos para a saúde das chamadas áreas azuis, ou seja, o mar, os lagos e rios. “Não há evidências suficientes que nos ajudem a quantificar esses impactos”, aponta, em relação à ausência de estudos neste campo.
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Fonte: El País
Vantagens dos espaços verdes urbanos para saúde física e mental – Portal VivoVerde
09/12/2021 @ 09:29
[…] apontam que essa falta de vegetação pode trazer sérios problemas. Na União Europeia, cerca de 43 mil pessoas morrem por ano devido à falta de áreas verdes. Esse quadro poderia ser revertido. Os espaços verdes urbanos […]