84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres
Segundo levantamento da ONU, 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres. Em média, mais de 75% dos brasileiros entrevistados têm preconceitos em questões de violência e direito de decisão sobre ter filhos.
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), divulgou o relatório “Índice de Normas Sociais de Gênero” no mês passado. O levantamento revela que 90% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito contra as mulheres.
O Brasil foi o único país de língua portuguesa no estudo. Segundo o levantamento, 84,5% dos brasileiros têm pelo menos um tipo de preconceito contra as mulheres. O estudo analisou quatro dimensões: integridade física, educação, política e econômica.
A pior avaliação foi no quesito físico. Em média, mais de 75% dos brasileiros entrevistados têm preconceitos em questões de violência e direito de decisão sobre ter filhos.
Sobre a participação feminina na política, a pesquisa aponta que mais de 39% dos entrevistados acreditam que mulheres não desempenham este papel tão bem quanto os homens.
O relatório também mostrou que 31% dos brasileiros acham que homens têm mais direito a vagas de trabalho ou são melhores em cargos executivos.
No geral, apenas 15,5% da população do Brasil afirma não ter preconceito contra as mulheres. O resultado representa um avanço de 5% desde 2012.
O estudo, que cobre 85% da população mundial, ainda aponta que quase metade das pessoas acredita que os homens são melhores como líderes políticos do que as mulheres. Duas em cada cinco pessoas acreditam que eles também se saem melhor como executivos.
O relatório também aponta que 25% dos entrevistados acreditam que “é justificável um homem agredir sua companheira.” Segundo o Pnud, não houve melhora no nível de preconceito contra as mulheres na última década.
Para o chefe do Escritório de Desenvolvimento Humano do Pnud, Pedro Conceição, as normas sociais que prejudicam os direitos das mulheres danificam a sociedade em geral e atrasam o avanço social. Ele explicou à ONU News o avanço da questão de gênero.
“Desde 2019 que o nosso índice de desigualdade de gênero que nós publicamos no nosso relatório de desenvolvimento humano não progride. E isto pode parecer um pouco contradição, porque, ao mesmo tempo, tem havido objetivos progressos em alguns aspetos da igualdade de gênero, por exemplo, no acesso à educação. A razão, para ir à sua pergunta, tem a ver com normas sociais. O que é uma norma social? Uma expetativa relativamente àquilo que a sociedade espera que seja o papel das mulheres em vários domínios da vida, seja no mercado de trabalho, seja no envolvimento com a política, seja em posições de liderança”.
O relatório ressalta a falta de conexão entre o progresso das mulheres na educação e o empoderamento econômico. Em 59 países, onde mais mulheres possuem formação do que os homens, a diferença média de renda entre gêneros permanece em 39% a favor dos homens.
A ONU desenvolveu uma série de objetivos ambiciosos no ano de 2015 por meio de um “Pacto Global”, que envolve os seus 193 países membros. A ideia central, desde o início, é alcançar o desenvolvimento sustentável nos próximos anos, especificamente até 2023 – por isso mesmo que o plano ficou conhecido como “Agenda 2030”.
O ODS 5: alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas, está relacionada ao relatório, que mostra a dificuldade de ser alcançado em 2030.
Fonte: ONU News