A fake news que resultou na Ditadura Militar no Brasil
O chefe do Estado-Maior do exército brasileiro noticiou pelo programa de rádio Hora do Brasil, um plano comunista que envolvia a retirada de Getúlio Vargas do poder. Em 1945, o general Goés Monteiro admitiu ter forjado o documento e criado o Plano Cohen com o objetivo de justificar o golpe de Getúlio Vargas e sua permanência no poder.
As fake news, notícias falsas, que circulam nas redes sociais e já causaram e ainda causam muitos transtornos, não vem dos dias de hoje. Inclusive um dos períodos mais sombrios da história do Brasil foi resultado de uma fake news. Em 30 de setembro de 1937, o general Goés Monteiro – até então chefe do Estado-Maior do exército brasileiro – noticiou pelo programa de rádio Hora do Brasil, um plano comunista que envolvia a retirada de Getúlio Vargas do poder. O Plano Cohen, como ficou conhecido, amedrontou a população na época.
O suposto documento revelado pelo governo brasileiro informava que os comunistas iriam causar tumultos entre operários e estudantes, causariam incêndios em casas e prédios públicos, manifestações populares a fim de saquear e depredar patrimônios e eliminariam autoridades civis e militares que se opusessem aos atos e por fim, exigiriam a liberdade de presos políticos.
A caça aos comunistas eclodiu rapidamente e no dia 10 de novembro de 1937, a ditadura do Estado Novo foi implantada. Getúlio teve o apoio de várias lideranças nacionais e com isso aumentou seu poder. Esse fato ocasionou a outorga da nova Constituição e a origem da Era Vargas, que durou até 1945.
Em 1945, o general Goés Monteiro admitiu ter forjado o documento e criado o Plano Cohen com o objetivo de justificar o golpe de Getúlio Vargas e sua permanência no poder. Ele revelou ainda que o nome foi criado pelos militares para fazer uma referência à líder comunista Bela Cohen, que governou a Hungria em 1919 – garantindo a veracidade da história.
Durante as investigações, o general Góes afirmou que o documento havia sido escrito pelo capitão Olímpio Mourão Filho, até então chefe do Serviço Secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB). No entanto, o capitão admitiu ter elaborado o documento a pedido do dirigente da AIB, Plínio Salgado, com o intuito de fazer uma simulação para estudos internos, em caso de uma ameaça comunista, mas que acabou saindo do controle.
Na época do ocorrido, o capitão Mourão disse que foi obrigado a manter silêncio sobre a verdadeira história e afirmou que o general Góes Monteiro, teve acesso ao documento por meio do general Álvaro Mariante, que o usou de forma inapropriada. Já Plínio Salgado alegou que se manteve quieto diante da situação, pois acreditava que as Forças Armadas poderiam combater a ameaça comunista.
Segundo o relatório “Brasil: Nunca Mais”, pelo menos 1918 prisioneiros políticos atestaram ter sido torturados entre 1964 e 1979, durante a Ditadura Militar. O documento descreve 283 diferentes formas de tortura utilizadas na época pelos órgãos de segurança.
Durante a Ditadura militar, 140 militantes políticos desapareceram, desde 1964, sendo que, segundo testemunhas, muitas dessas pessoas se encontravam então sob custódia de órgãos governamentais, tais como DOPS, Cenimar e CIEx. Os desaparecimentos ocorreram, principalmente, durante o auge da ditadura, nos governos dos generais-presidentes Emílio Médici e Ernesto Geisel. O período do governo Médici foi considerado particularmente brutal pelas organizações de direitos humanos.
Fontes: Aventuras na História/ UOL e Wikipédia