ABES promove debate sobre saneamento básico no Brasil
Evento reuniu os representantes dos candidatos Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSDB) e Marina Silva (Rede)
Por: Isabela Alves
Em 2017, a lei de saneamento básico (11.445/07) completou 10 anos. Entretanto, metade da população no Brasil continua sem acesso a sistemas de tratamento de esgoto.
Outro dado alarmante, este divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância, revelou que 4,1 milhões de brasileiros de áreas rurais, ou 2% da população do Brasil, não têm acesso a banheiros e precisam defecar ao ar livre.
Diante deste cenário, a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) promoveu, no dia 14 de setembro, um debate sobre as propostas dos presidenciáveis para o saneamento básico.
“A ABES visa contribuir para que o saneamento se torne uma política de Estado, e não só de governo. É preciso garantir também a melhoria do saneamento no país, a qualidade de vida e saúde das pessoas”, declarou o presidente nacional da ABES, Roberval Tavares de Souza, na abertura do evento.
Seis candidatos à Presidência da República foram convidados, de acordo com a colocação na última pesquisa do Instituto Datafolha: Luiz Inácio Lula da Silva/ Fernando Haddad (PT), Jair Bolsonaro (PSL), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT) e Álvaro Dias (Podemos). No entanto, apenas os representantes dos candidatos Fernando Haddad, Marina Silva e Geraldo Alckmin estavam presentes no evento.
As propostas
João Paulo Capobianco, o representante de Marina Silva, afirmou que a candidata não encara o saneamento básico como um termo subalterno da sua campanha, mas sim como um compromisso que deve ter metas concretas e efetivas.
“Atualmente, nós temos um problema em relação às políticas públicas brasileiras. Não existem metas claras, não há processo de avaliação e existe um número enorme de recursos utilizados em políticas que não dão resultado”, afirma o representante.
Para mudar essa realidade, a candidata propõe a ampliação da rede de coleta de esgoto, expansão da rede de abastecimento de água de qualidade e o enfrentamento das desigualdades regionais, pois somente as populações mais ricas têm as melhores condições de saneamento no Brasil.
“Para nós, saneamento básico está associado a segurança hídrica, e ela não existirá sem saneamento, sem a proteção dos mananciais e sem que a população assuma uma cultura de cuidado da água, que inclua a economia no uso da água, racionalidade, responsabilidade, reuso e o aproveitamento de fontes alternativas que hoje são desprezadas”, relata
Edson Aparecido da Silva, representante do candidato Fernando Haddad, afirmou que um dos grandes desafios das políticas públicas no Brasil atualmente é a universalização do acesso ao serviço de saneamento básico.
“Apesar da crise, o Brasil é uma das maiores economias do mundo, portanto, nós não nos conformamos e não podemos nos conformar com o fato de que em pleno século XXI as pessoas ainda não têm acesso a água potável com qualidade e quantidade adequada, 365 dias por ano, 24 horas por dia”, afirma Edson Silva.
Entre as propostas de governo citadas por Edson Silva estão: implementar a política nacional de saneamento; reforçar o conceito de saneamento básico por meio do abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, drenagem e manejo dos resíduos sólidos; reduzir a perda de água; e implementar o plano nacional de saneamento básico, que tem como meta universalizar o acesso ao saneamento até o ano de 2033.
Jerson Kelman, representando o candidato Geraldo Alckmin, afirmou que o saneamento deve ser visto como prioridade. “Primeiro, porque é um direito humano básico definido pela ONU em 2010. Segundo, porque investir em saneamento ataca o desemprego, e também tem repercussão na qualidade de vida das pessoas, porque as mesmas ficam menos doentes”.
Como solução, o representante apontou que é necessário o envolvimento da iniciativa privada no setor do saneamento e a volta do programa ‘Se Liga na Rede’, ação do Governo do Estado de São Paulo que executa obras dentro dos imóveis das famílias de baixa renda, permitindo que as casas sejam ligadas à rede de esgoto.
Para assistir ao debate da íntegra, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=p0GLGY-xsyU