Alunos de colégio de elite ameaçam negro e divulgam nazismo
O aluno Antonio tentou conversar com um dos membros do grupo após ver uma publicação com uma imagem de Hitler e os dizeres “Se ele fez com judeus, eu faço com petistas”, mas foi bloqueado. Logo depois, teve acesso a um print do Instagram em que o mesmo rapaz dizia para um influenciador: “Espero que você morra, F** negro”.
Um grupo de alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro da unidade de Valinhos, no interior de São Paulo, é investigado pela Polícia Civil após proferirem ofensas de cunho racista contra um colega em um grupo de WhatsApp e divulgarem frases nazistas. De origem alemã, a instituição é tradicional e formada por um público de elite.
O grupo com 32 alunos, intitulado “Fundação Anti Petismo”, foi criado na noite de domingo (30/10) com o objetivo de convocar os estudantes para uma manifestação contra o resultado das eleições presidenciais.
Antônio Biebie, 15 anos, foi adicionado ao grupo e se deparou com comentários de teor violento e discursos de ódio. Entre o conteúdo que circulou no grupo e nas redes sociais dos alunos, estão frases como “quero que estes nordestinos morram de sede”, “quero sua mãe aquela negrinha”, “sou pró-reescravização do Nordeste” , “quero ver pobre se f*der ainda mais agora” e “ai ai como pobre é burro”.
Figurinhas com suástica e outras referências ao nazismo também faziam parte do repertório dos estudantes. A mãe de Antonio, a advogada Thaís Cremasco, estava assistindo à apuração do resultado das eleições junto ao filho no momento em que ele foi adicionado ao grupo e teve acesso às mensagens de cunho racista e xenofóbico.
Antonio tentou conversar com um dos membros do grupo após ver uma publicação com uma imagem de Hitler e os dizeres: “Se ele fez com judeus, eu faço com petistas”. Ao alertar o colega de que aquilo era crime, Antonio foi bloqueado. Logo depois, teve acesso a um print do Instagram em que o mesmo rapaz dizia para um influenciador: “Espero que você morra, F** negro”.
Antonio foi à aula normalmente e se surpreendeu quando outros colegas começaram a procurá-lo para denunciar novos ataques e prints com conteúdo de ódio. Ele reuniu todo o material e levou à diretoria do colégio, que segundo ele “não mostrou muita ação”. O jovem e a mãe registraram um boletim de ocorrência no mesmo dia, que foi entregue à escola.
Na terça-feira (01/11), Antonio organizou outra manifestação, desta vez contra o racismo, e pediu que a escola tomasse providências mais sérias. “Todo mundo foi de preto, a gente colou cartazes pela escola. Nosso ato não foi focado em política, mas sim contra o racismo”, afirmou.
Depois disso, a instituição suspendeu um dos envolvidos e soltou um comunicado, segundo Antonio, “raso, sem explicar a situação, sem mencionar que se trata de um crime, só falava em ‘erro grave'”. “Até o momento foi só isso que a escola fez”, protesta o jovem.
Em nota enviada à imprensa, o Colégio Visconde de Porto Seguro afirmou que repudia atos de racismo, mas não deixou claro quais providências irão tomar.
Fonte: Universa/ UOL