Após 15 anos sem levantamento, SP tem 3,7 mil crianças vivendo nas ruas
Das quase 4 mil crianças e adolescentes que vivem nas ruas da capital paulista, 1.151 são crianças com menos de 6 anos de idade, na primeira infância.
O Censo realizado pela prefeitura da capital paulista em maio, após 15 anos sem nenhum levantamento, mostrou uma triste realidade. Cerca de 3,7 mil crianças e adolescentes de até 17 anos de idade vivem em situação de rua em São Paulo.
O centro da cidade é a região que concentra o maior número de crianças e adolescentes nas ruas, com destaque para os bairros República, Sé e Santa Cecília. Os dados ainda mostram que 73% dessas crianças e adolescentes utilizam as ruas como forma de sobrevivência e 16% estão acolhidos em serviços da prefeitura. De acordo com o Censo, 2.227 jovens são do sexo masculino e 1.453 do sexo feminino.
O advogado e presidente da Comissão de Adoção e Convivência Familiar da Ordem dos Advogados do Brasil seccional São Paulo (OAB-SP), Ariel de Castro Alves alerta para o risco que essas crianças e adolescentes correm nas ruas, inclusive de morte.
“O levantamento feito pela prefeitura de São Paulo mostra que temos quase 4 mil crianças e adolescentes vivendo em situação de rua na capital paulista, crianças e adolescentes expostas a acidentes, à violência, exploração sexual, exploração do trabalho infantil e correndo risco de morte. Porque estão expostas ao uso de álcool e drogas, expostas pela exploração do tráfico de drogas e pelo crime organizado. Temos um cenário gravíssimo, uma tragédia social, resultado da exclusão educacional, familiar e da violência doméstica que faz muitas crianças e adolescentes irem morar nas ruas”, destaca Ariel.
O advogado destaca que 73% das crianças e adolescente que vão morar nas ruas são para sobreviver diante da fome e extrema pobreza. “Essas crianças acabam nas ruas fugindo da fome e são exploradas pelo trabalho infantil. 70% dessas crianças são negras e pardas”, relata Ariel.
“Um número que choca é o de que temos 1.151 crianças com menos de 6 anos de idade, na primeira infância, vivendo nas ruas de São Paulo e, muitas vezes, desacompanhadas de seus familiares. E quando estão acompanhadas, estão com pessoas que exploram o trabalho infantil delas, que cometem o crime de maus tratos”, lamenta o advogado.
Segundo Ariel, o cenário é uma verdadeira tragédia social, resultado da falência do sistema de proteção social, dos desmontes realizados nos últimos anos na área social, com cortes de recursos, diminuição de vagas em programas e oportunidades em serviços sociais, desativação de diversos projetos sociais.
“Precisamos de uma restruturação e requalificação dos serviços de acolhimento institucional, com centros de acolhimento iniciais e com casas de passagens. Criação de centros de referência da criança e do adolescente especializado nessa população e o aumento dos serviços de abordagem e educação social nas ruas, para que essas crianças e adolescentes sejam reencaminhadas e retomem os vínculos familiares e escolares; para que suas famílias sejam incluídas em programas sociais de geração de renda, apoio e orientação”, finaliza Ariel.
Fonte: Prefeitura de São Paulo