Após perder avô e amigo para Covid-19, ele se tornou voluntário no AM
Gustavo Melo vem atuando como voluntário na campanha SOS AM, que reúne organizações para auxiliar Manaus no combate à pandemia e à falta de oxigênio
Por: Mariana Lima
Gustavo Melo é voluntário da campanha SOS AM, iniciativa que reúne organizações sem relação com a área médica, mas que há anos estão doando alimentos, promovendo alfabetização e o acesso a diversos serviços para as populações vulneráveis de Manaus.
Atualmente, o grupo conta com 100 colaboradores voluntários que, em muitos casos, perderam familiares e amigos para a Covid-19 nos últimos meses. Gustavo, que é presidente do projeto social “Bora Ajudar“, faz parte desta categoria.
Ele perdeu o avô para o vírus pois, de acordo com Gustavo, não havia leitos de UTIs disponíveis no estado, tanto privados como públicos.
Gustavo trabalha como representante de uma montadora em Manaus e, ainda no início da pandemia, perdeu um amigo para a doença. Além disso, um tio está intubado.
Em entrevista ao portal ECOA, do UOL, Gustavo revelou que, para ele, a gestão do estado está “despreparada e perdida” em relação ao cenário que Manaus vem vivenciando.
Desde o início da pandemia, o estado do Amazonas protagonizou um dos piores cenários da pandemia, com a lotação de leitos e covas coletivas para dar conta do número de mortos.
A cena vem se repetindo desde o início de 2021. Ainda no final de 2020, apesar do aumento dos casos, os governos locais desistiram de um lockdown após protestos de comerciantes contra o fechamento de lojas.
Toda a organização da SOS começou no espaço online ainda em 2020, quando já se suspeitava que a pandemia atingisse o estado de forma intensa novamente.
Eles se organizaram e receberam quase R$ 8 milhões em doações para compra de cilindros com oxigênio, itens hospitalares, equipamentos de proteção individual (EPIs) e alimentação.
O grupo surgiu para doar água e auxiliar no transporte por lanchas de medicamentos e alimentos de forma independente. Ele comprou cilindros de oxigênio doados por diversas regiões do país, principalmente do sudeste.
A logística para o transporte até o Amazonas foi organizada com o auxílio de policiais de folga, voluntários das áreas de armazenamento, além de contar com voos oferecidos por empresas como Latam e Azul. A iniciativa também tem o apoio de contadores voluntários para ajudar a organizar e a prestar contas sobre as doações.
O trabalho da iniciativa ganhou destaque após um post para doações viralizar ao ser compartilhados por diversos artistas. Em dois dias, ainda em janeiro, eles conseguiram arrecadar mais de R$ 300 mil.
O SOS AM já vem ampliando a atuação voluntária para outras cidades, organizando e doando itens e equipamentos hospitalares para 17 municípios do interior do Amazonas.
A iniciativa ainda pretende instalar quatro usinas de oxigênio em hospitais da cidade para servir como uma espécie de legado da campanha.
Fonte: ECOA | UOL