Ativistas, educadores e políticos se mobilizam em prol da educação em SP
O movimento da Bancada da Educação visa apoiar vereadores e futuros candidatos com projetos voltados para a educação, oferecendo orientação e suporte. Evento de lançamento ocorre em 23 de agosto
Por: Mariana Lima
É comum ouvir falar de bancadas, principalmente no espaço político brasileiro, como as bancadas Evangélica, Ruralista, da Bala e, mais recentemente, a Ativista.
O objetivo de uma bancada é defender seus valores e viabilizar projetos de lei que favoreçam suas pautas prioritárias. Uma bancada pode ser formada por vereadores ou por deputados, por exemplo, e reúne políticos de diversos partidos, mas com ideais semelhantes.
Neste contexto, surge um movimento pela construção da Bancada da Educação Municipal de São Paulo, encabeçado pela doutora em Ciências Sociais e mestra em Ciências Humanas Gilda Portugal Gouvêa, pela socióloga e psicóloga Mônica Gouvêa e pelo Diretor Executivo do Instituto Singularidade, Miguel Thompson.
Com o nome de Bancada da Educação, esse movimento é uma iniciativa da sociedade civil e é suprapartidário, isto é, não está vinculado a nenhum partido em particular, já que pode apoiar candidatos de qualquer partido, desde que esses assumam o compromisso de lutar pela educação.
A Bancada da Educação em São Paulo, assim, não é composta apenas por políticos, como a bancada presente no Congresso Nacional, que tem como figura mais conhecida a Deputada Federal Tabata Amaral (PDT), mas sim por pessoas engajadas com a atuação política da educação.
“Temos como objetivo construir uma ponte com os partidos que tenham princípios semelhantes aos nossos. Vamos iniciar a atuação no território e ir expandindo junto a outros movimentos”, explica Miguel Thompson, um dos fundadores do movimento em São Paulo.
“Notamos que não havia nenhum movimento físico e efetivo voltado para a educação. Começamos a pensar em uma proposta que colocasse a educação como protagonista e que o cidadão passasse a se conectar a ela”, esclarece Thompson.
O movimento, que surgiu de forma espontânea e coletiva, visa acompanhar as legislaturas e apoiar novas candidaturas ligadas à educação, oferecendo para aqueles que estão interessados na atuação política da educação uma proposta de democracia participativa, com foco na defesa das necessidades das instituições acadêmicas.
Nesta primeira etapa, o foco será nas eleições para vereadores do município de São Paulo em 2020. A meta é que a iniciativa consiga estender sua atuação paras as esferas estadual e federal, posteriormente.
Para Miguel Thompson, muitos políticos e candidatos não sabem como a educação funciona ou como usá-la como ferramenta de transformação social. “É necessário entender o que eles estão fazendo e auxiliar os novos, criando uma rede de informação, formada por educadores, em volta deles”.
O apoio e o acompanhamento de candidatos (possíveis e eleitos) são apenas uma parte do que se refere à meta de atuação do movimento. Colaborar com o desenvolvimento dos projetos destes candidatos também faz parte dos planos da Bancada, principalmente dos projetos que coloquem a educação como principal agente causador da transformação social, dialogando com conceitos ligados à equidade, à pluralidade de ideias e à capacidade de exercer um desenvolvimento sustentável.
“Reunimos jovens e movimentos para entender o poder legislativo e o seu papel para mudar e orientar as políticas públicas. A educação brasileira hoje está sendo desrespeitada, e corremos o risco de permanecer em uma periferia educacional no cenário global”, comenta Thompson.
Para a ativista e copresidente da Comunidade Reinventando a Educação (Core) Jovem, Maria Luiza Fernandes, a Bancada deve unir educadores, ativistas e políticos. “Um dos problemas é pensar que a educação diz respeito apenas aos professores, quando na verdade existe uma gama de pessoas que precisam conversar entre si para agir pela educação”.
Maria Luiza estará presente no evento de lançamento da Bancada, e considera que os políticos e os interessados na causa devem abraçá-la. “Se a educação é a sua causa, se é por isso que você quer lutar, então você tem que estar na Bancada, independentemente do seu partido político”.
Lançamento
Para tornar público o trabalho que será realizado pela Bancada da Educação, no dia 23 de agosto, das 9h às 17h, ocorre o lançamento do movimento na Câmara Municipal de São Paulo.
O evento é gratuito e contará com a presença de convidados envolvidos com a luta por uma educação democrática e de qualidade, como o ex-secretário da educação de São Paulo Alexandre Schneider; Natacha Costa, do Cidade Escola Aprendiz; e Mônica Gardelli, da Escola do Futuro – USP.
Ao todo, serão 4 mesas em que serão discutidos os seguintes temas: Redes e território – a comunidade em uma cidade educadora; Políticas Públicas de Educação – construindo uma nação; Infância – universalização e qualidade (com a presença de Ana Estela Haddad, professora da USP); e Comunicação em Rede – dos memes aos valores.
O evento tem por objetivo iniciar o diálogo sobre o tema com os convidados, através de diversos pontos de vista. O projeto ainda funciona como uma plataforma para a mobilização da sociedade civil para levar pautas relacionadas à educação até o poder legislativo do país.
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