Brasil: 22 milhões vivem em regiões críticas para epidemia de Covid-19
Essas regiões apresentam características como altos índices de doenças crônicas e número baixo de equipamentos necessários para o tratamento dos casos mais graves de Covid-19
Por: Mariana Lima
Aproximadamente 22 milhões de brasileiros vivem em regiões que podem estar especialmente vulneráveis à epidemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Essas localidades apresentam características como altos índices de doenças crônicas e número baixo de equipamentos necessários para o tratamento dos casos mais graves de Covid-19.
Os dados foram obtidos com base em uma análise realizada pela Folha de S. Paulo que observou quatro quesitos: taxas de mortalidade por diabetes e por doenças cardíacas, taxa de mortalidade de idosos por gripe, proporção de respiradores e proporção de leitos de UTI do SUS por habitante.
Como referência foi utilizado o parâmetro estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1 leito de UTI para cada 10 mil habitantes, enquanto as taxas de mortalidade têm como referência registros de 2014 a 2018.
As áreas apontadas ficam, em sua maioria, fora dos grandes centros, o que pode evitar que sejam atingidas em um primeiro momento pelo novo coronavírus. Mas caso o vírus chegue de forma intensa a esses locais, pode causar danos graves devido à falta de condições.
Esse parâmetro condiz com a realidade de municípios do interior de todas as regiões do país, incluindo estados como São Paulo e Piauí. Das 450 regiões de saúde, 53 (12%) já registraram pontos de vulnerabilidade e, deste total, 49 possuem casos confirmados do novo coronavírus.
Essas 53 regiões reúnem 648 municípios de 22 estados, que somam quase 2 milhões de idosos vivendo nestas localidades, enquanto 49 possuem mais de 100 mil moradores.
O Paraná, por exemplo, tem 1,1 milhão de pessoas residindo em regiões com uma estrutura precária e altas taxas de mortalidade por doenças crônicas. Já São paulo vem sendo o estado com maior população vivendo em regiões de risco, aproximadamente 5 milhões.
77% dos cidadãos do Amapá estão em regiões de saúde vulnerável em seis municípios, incluindo a capital do estado. Ao todo, 566 mil pessoas são atendidas por uma rede pública com estrutura de UTI e respiradores abaixo da média do país.
Outra região vulnerável no país é a do Alto do Tietê, em São Paulo, com uma população de 3 milhões de habitantes. O município de Guarulhos, a segunda cidade mais populosa do estado, também tem uma rede pública com equipamentos abaixo da média do país.
Fonte: Folha de S. Paulo