Brasil: 706 mil crianças estão em trabalhos perigosos e de risco
Em 2019, 706 mil crianças e adolescentes exerciam atividades consideradas as piores formas de trabalho infantil. Desse total, 104 mil tinham entre 5 e 13 anos de idade. Trabalhos perigosos envolvem, por exemplo, a operação de tratores e a produção de carvão vegetal
O trabalho infantil é uma triste realidade que, infelizmente, muitos brasileiros consideram normal. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2019, cerca de 1,8 milhão de crianças e adolescentes estavam situação de trabalho infantil.
Desse total, 39,9%, o equivalente a 706 mil crianças e adolescentes, exerciam atividades consideradas as piores formas de trabalho infantil.
Dentre os menores em trabalho infantil perigoso, a maior parte (59,2%) tinha entre 16 e 17 anos e 14,7% tinham menos de 13 anos de idade. Isso significa que 104 mil crianças que realizavam atividades perigosas tinham entre 5 e 13 anos de idade.
No Brasil, qualquer forma de trabalho é proibida para quem tem até 13 anos. O trabalho só é permitido legalmente a partir dos 14 anos, na condição de aprendiz. Adolescentes que trabalham legalmente não entram na classificação de trabalho infantil.
De acordo com a Lista das Piores Formas de Trabalho Infantil, a operação de tratores e máquinas agrícolas, o beneficiamento do fumo, do sisal e da cana-de-açúcar, a extração e corte de madeira, o trabalho em pedreiras, a produção de carvão vegetal, a construção civil, a coleta, seleção e beneficiamento de lixo, o comércio ambulante, o trabalho doméstico e o transporte de cargas são algumas das atividades elencadas.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) do Ministério da Saúde, o Brasil registrou, entre 2007 e 2018, 43.777 acidentes de trabalho com crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos. No mesmo período, 261 crianças perderam a vida trabalhando.
Entre as crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, 66,4% eram homens e 66,1% eram pretos ou pardos, proporção superior à dos pretos ou pardos no grupo etário dos 5 aos 17 anos de idade (60,8%).
Os grupamentos da agricultura e do comércio e reparação reuniam, respectivamente, 24,2% e 27,4% dessas crianças e adolescentes. Somadas, essas duas atividades reuniam mais da metade (51,6%) da população em situação de trabalho infantil.
Fontes: Agência Brasil e G1