Câncer de colo de útero: 65% das mulheres iniciam tratamento após prazo
Pesquisa da Fundação do Câncer traça retrato epidemiológico do câncer de colo de útero no Brasil; atraso do tratamento impede erradicação da doença
Por Julia Bonin
Os tumores de colo de útero são a quarta causa mais recorrente de morte por câncer no Brasil, embora possam ser prevenidos por meio de vacinação. Um estudo da Fundação do Câncer mostrou que 65,8% das mulheres não conseguem iniciar o tratamento no prazo legal de 60 dias, período estabelecido por lei no Brasil, o que impacta negativamente no controle da doença. A campanha Janeiro Verde alerta sobre os riscos do câncer de colo de útero.
A situação é agravada por diferenças regionais, etárias, sociais e étnicas. A região Norte, por exemplo, é a que apresenta maior incidência do câncer de colo de útero, segundo a pesquisa. Além disso, a doença é mais comum entre mulheres de 45 a 54 anos. A demora para buscar tratamento, no entanto, é o ponto crucial que impede que o combate ao câncer de colo de útero seja mais efetivo no Brasil.
Quando identificado em fase inicial, o câncer apresenta mais chances de cura. A especialista Luani Godoy, doutoranda do grupo de HPV do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital do Câncer de Barretos, explica que o HPV pode causar lesões que, se não identificadas e tratadas, podem evoluir para um tumor cancerígeno. O processo, inicialmente assintomático, pode levar anos até ser descoberto.
Em dezembro, Godoy participou do programa Brasil ODS, realizado pelo Observatório do Terceiro Setor, que falou sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis e saúde pública.
O papilomavírus humano (HPV) é uma infecção sexualmente transmissível que infecta a pele ou mucosas (oral, genital ou anal), tanto de homens quanto de mulheres. A vacinação contra o HPV está disponível na rede pública para jovens de ambos os sexos entre 9 e 14 anos e mulheres imunossuprimidas. Também é recomendado o exame de Papanicolau, realizado em mulheres a partir dos 25 anos com vida sexual ativa, para identificar se há a presença de lesões.
A Fundação do Câncer capta recursos e investe em prevenção, diagnóstico precoce, assistência, programas e projetos relacionados a transplante de medula óssea e sangue de cordão umbilical, cuidados paliativos e pesquisa. Suas atividades estão ligadas ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 3, que busca assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.