Cartilha quer combater desinformações sobre sexualidade de PCDs
Material é uma parceria entre a ASID Brasil e o Instituto Mara Gabrilli e quer combater desinformação e estereótipos sobre a relação entre sexualidade e gênero de pessoas com deficiência
Por Iara de Andrade
Uma parceria entra a Ação Social para Igualdade das Diferenças (ASID Brasil) e o Instituto Mara Gabrilli deu origem à cartilha “Vivências da Sexualidade na Deficiência e a Compreensão de Gênero”. O material tem como intuito combater a desinformação sobre a relação entre sexualidade e gênero de pessoas com deficiência e desmistificar estereótipos que dificultam a inclusão.
A ideia surgiu a partir da demanda por informações complementares da capacitação “Troca de Saberes”, promovida também em parceria pelas duas organizações. O texto foi elaborado pela neuropsicóloga Francisca Edinete e pelos assistentes sociais Rafael Fernandes e Anali Santos; os dados foram compilados pelas assistentes sociais Bruna Morais e Maria Aparecida Valença.
Isabela Bonet é diretora executiva da ASID e afirma: “Nossa responsabilidade como organização que atua em prol da inclusão social é trazer à tona e desmistificar questões muitas vezes consideradas difíceis por pessoas com deficiência e familiares. Mais importante ainda é simplificá-los de forma que fique acessível a compreensão do assunto para o público alvo”.
Entre os principais tópicos discutidos está o de que corpos PCDs são reduzidos a assexuais (dependentes e infantis e, portanto, incapazes de usufruir da uma vida sexual), ou hipersexuais (como se pessoas com deficiência fossem pervertidas e sentissem desejos incontroláveis).
“A deficiência pode até comprometer alguma fase da resposta sexual, mas isso não impede a pessoa de ter sexualidade e de vivê-la”, diz um trecho da cartilha, que procura desmistificar ainda a ideia de que deficiência impede o sexo com penetração e o orgasmo, o que pode resultar em disfunções sexuais vinculadas ao desejo e ao clímax.
O mito de que deficiência resulta em problemas de reprodução, esterilidade, ou na geração de filhos com deficiência e até em dificuldades para cuidar dos descendentes, também é debatido no manual.
O conteúdo enfatiza a importância do diálogo e que, para além da quebra das barreiras físicas, a inclusão de pessoas com deficiência deve acontecer no universo comportamental também. “Fortalecer o diálogo é indispensável, tanto com profissionais de saúde, como com a família, para não privar a pessoa com deficiência. Se os pais não se sentem à vontade, podem acionar postos de saúde”, esclarece Bruna Morais.