Castelinho da rua Apa: um mistério que até hoje aterroriza SP
Lenda urbana ou só uma tragédia familiar? Até hoje o mistério continua e o castelinho da rua Apa é um dos pontos turísticos que dizem assombrados da capital paulista.
Quem mora na capital paulista com certeza já ouviu falar do Castelinho da rua Apa. Um imóvel localizado na esquina da Rua Apa com a Avenida General Olímpio da Silveira, ao lado do Elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão, na cidade de São Paulo. Trata-se de uma construção residencial de 1912. Até 1937, foi propriedade da família Dos Reis, composta por Virgilio Guimarães dos Reis, o pai, Maria Cândida Guimarães dos Reis, a mãe, e os filhos Armando César dos Reis e Álvaro dos Reis. Após uma tragédia familiar, um crime até hoje repleto de mistérios, o imóvel ficou sem herdeiros e passou para o patrimônio do Governo Federal.
Os habitantes da peculiar residência eram uma família importante e influente na cidade à época. Donos do Broadway, um cinema na própria Avenida São João, a matriarca Maria Cândida Guimarães dos Reis tinha 73 anos era uma socialite fervorosamente dedicada à religião desde que perdera o marido, o médico Virgílio César dos Reis, pouco tempo antes do ocorrido que chocou a São Paulo da década de 30.
Os dois filhos da abastada família também eram conhecidos pela alta sociedade paulistana. Álvaro, com 45 anos, era advogado, e patinador . Gostava de festas, mulheres e viagens, chegou a ser recordista mundial nos patins. O irmão Armando, 43, também se enveredou pelos caminhos do direito, mas, em questão de personalidade, era o contraponto para o estilo do irmão.
Essa divergência entre os dois, segundo consta, foi o gatilho para o famoso crime. Após a morte do pai e uma viagem à Europa, Álvaro queria fechar o cinema para instalar um ringue de patinação. Armando, responsável pelas finanças da família, negava, alegando que isso não seria uma garantia de retorno como era o Broadway.
A gota d’água veio em maio de 1937. Os dois irmãos teriam discutido, os ânimos se exaltaram e eles apontaram armas um para o outro. A mãe veio apartar, e esse foi o estopim.
De acordo com a versão oficial, Álvaro foi o culpado: baleou fatalmente a mãe e o irmão e, caindo em si, suicidou-se com dois tiros no peito, método pertinente a quem deixa a vida para entrar pra história. Porém, algumas provas e circunstâncias levam muitos a acreditar que não foi bem assim, inclusive Leda Kiehl, sobrinha-neta de Maria Cândida e autora do livro O Crime do Castelinho: Mitos e Verdades, de 2015.
Leda teria escrito o livro porque houve uma contestação enorme — corroborada, inclusive, pelo laudo do IML — sobre a versão oficial da polícia. A pistola de Álvaro foi encontrada na cena e, para os policiais, foi o fator incriminante. Porém, o método de seu suicídio já era incomum o suficiente e, além disso, os legistas encontraram vestígios de pólvora na mão de Armando, e, para eles, o mais novo dos irmãos tinha sido o autor.
Há, ainda, outra hipótese: segundo os médicos, a mãe teria sido assassinada com quatro tiros, e não três como consta no laudo policial. Duas das balas seriam de uma arma de calibre diferente da pistola de Álvaro, o que indicaria a presença de uma quarta pessoa e tornaria o crime uma chacina encomendada.
A polícia descobriu, também, papéis assinados pelo filho mais velho que demonstravam que sua situação financeira era mais delicada do que parecia às vistas, mas seus credores nunca foram encontrados e poderiam estar por trás de tudo.
O Castelinho da Rua Apa passou por um imbróglio judicial e, abandonado, acabou passando para as mãos do Estado. A deterioração só contribuiu para as lendas, e pessoas dizem ouvir passos, choros e lamúrias dos espíritos dos mortos no lugar.
Hoje, o Castelinho é administrado pela ONG Clube das Mães do Brasil, e foi restaurado no período de 2015 a 2017. Mesmo assim, a lenda permanece. Lenda urbana ou só uma tragédia familiar? Até hoje o mistério continua e o castelinho da rua Apa é um dos pontos turísticos que dizem assombrados da capital paulista.
Fontes: Aventuras na História e Wikipédia