Coletivo Autista da USP cria cartilha para orientar professores sobre o TEA
A cartilha “Tenho um aluno autista… e agora?” busca orientar professores do ambiente universitário sobre as características do Transtorno do Espectro Autista, garantindo a inclusão dos estudantes
Por redação
O Coletivo Autista da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveu uma cartilha que oferece informações sobre pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A iniciativa tem como objetivo orientar os professores e funcionários sobre características do TEA, facilitando o cotidiano dos alunos autistas.
As universidades brasileiras não contam com o mesmo tipo de processo para que alunos com TEA solicitem adaptações. “A gente fica na mão da boa vontade dos professores. Se precisamos de alguma coisa, temos que conversar com eles pessoalmente, o que é bem cansativo. E não são todos os professores que são receptivos”, explica Amanda César Corrêa, graduanda em Letras pela USP e uma das pesquisadoras que produziram o manual.
A inclusão de estudantes com TEA é um direito garantido por lei no Brasil. Para isso, os alunos que produziram a cartilha “Tenho um aluno autista… e agora?” destacaram dicas para o ambiente educativo: elaborar enunciados claros e sem o uso de figuras de linguagem; considerar avaliações alternativas; substituir apresentações verbais por dissertações escritas; e diante de crise, levar o aluno para um local calmo.
“O que eu acho mais importante são as adaptações. Muitos professores acham, por exemplo, que dar tempo de prova a mais acaba sendo um privilégio e não entendem realmente o benefício que isso pode trazer. As estratégias de comunicação também. Eu, por exemplo, preciso de tudo bem explicadinho, senão não aprendo”.
Pessoas diagnosticadas com TEA são minoria nas universidades. De acordo com dados do Censo da Educação Superior do INEP, 4.018 pessoas autistas estavam matriculadas em cursos de graduação no país em 2019. A cartilha é voltada para o público do ensino superior, visto que os autistas que estão em universidades possuem habilidades que outros podem não ter. “O guia é interessante para todos os educadores, mas é importante lembrar que pessoas autistas com mais dificuldade ou com mais limitações talvez não respondam bem às adaptações que a gente propôs”.
Além das orientações, o manual apresenta informações sobre autismo e seus diferentes níveis, como dar suporte as pessoas com TEA, como quebrar os estereótipos, possíveis comorbidades e os direitos dos autistas. O material gratuito contribui para o ODS 10, meta da Agenda 2030 da ONU que promove a redução das desigualdades, e pode ser encontrado neste link.
Além desta iniciativa, organizações do terceiro setor trabalham para incentivar a inclusão de pessoas com TEA no Brasil, como a Fundação José Luiz Egydio Setúbal por meio da plataforma Autismo e Realidade. No site são divulgadas pesquisas, informações sobre o espectro e instituições de apoio.