Com a flexibilização da quarentena, acidentes de trânsito crescem no país
Como consequência dos acidentes de trânsito, a ocupação dos leitos de UTI cresce no momento em que mais vítimas da Covid-19 precisam de vagas nos hospitais
Por: Júlia Pereira
A queda nos índices de isolamento social já aumentou o movimento no trânsito e deve provocar um crescimento no número de acidentes. Entidades e especialistas em Medicina de Tráfego alertam que isso se reflete diretamente na ocupação de leitos e na mobilização de recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) nos hospitais públicos.
Como consequência, o atendimento a pacientes da Covid-19 pode perder força justamente quando a pandemia está em curva ascendente no país, que já contabiliza mais de 91,6 mil óbitos, segundo o consórcio de veículos de imprensa.
Dados da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) mostram que 60% dos leitos de UTI são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. Esses pacientes respondem por 50% das cirurgias de urgência no SUS.
“Em um momento em que há uma explosão na demanda por leitos, respiradores e profissionais da saúde, um aumento do número de acidentes pode ter um impacto negativo principalmente nas cidades onde a taxa de ocupação está se aproximando do limite”, afirma o médico especialista em Medicina do Tráfego, Alysson Coimbra de Souza Carvalho.
Em cidades do Nordeste onde o lockdown (bloqueio total) foi decretado, a redução dos acidentes de trânsito foi drástica. Teresina (PI) teve uma queda de 95% nos acidentes entre os meses de março e abril. Já Fortaleza (CE) viu o índice cair 60% durante o período de maior isolamento social.
A retomada das atividades, por outro lado, fez o movimento nas ruas e estradas crescer. Em Minas Gerais, desde o fim de abril, o isolamento social caiu de 61% para 36%. Como resultado, um hospital de Belo Horizonte apresentou um aumento de 37% no número de internações de vítimas de acidentes de trânsito no mês de maio, na comparação com abril.