Com Talibã no poder, mais de 220 juízas vivem escondidas no Afeganistão
Juízas afegãs que atuavam em prol dos direitos das mulheres vem recebendo ameaças de morte desde a tomada de poder pelo Talibã no país
Por: Juliana Lima
Desde agosto de 2021, quando o grupo fundamentalista Talibã tomou o poder sobre a capital do Afeganistão e os Estados Unidos retiraram suas tropas do país após décadas de guerra, o temor pelos direitos das mulheres afegãs tem sido constante. Para as juízas afegãs que trabalhavam no país e criminalizaram centenas de indivíduos, o risco por suas vidas é eminente.
Segundo uma reportagem da BBC, calcula-se que mais de 220 juízas afegãs estejam vivendo escondidas em seu próprio país. Sob a condição de permanecer em anonimato, seis delas concederam entrevistas ao jornal contando sobre as várias ameaças de mortes que andam recebendo.
Segunda elas, houve uma libertação em massa de prisioneiros que colocou na rua não só homens envolvidos com o grupo fundamentalista, mas criminosos no geral como estupradores e assassinos de mulheres. Elas contam que desde então vêm recebendo ameaças por telefone e que membros do Talibã chegaram a visitar suas casas.
Antes figuras públicas importantes e principais provedoras para suas famílias, as juízas estão agora vivendo escondidas, mudando de província de tempos em tempos. “Recebi mais de 20 telefonemas ameaçadores de ex-presidiários que agora foram libertados”, disse uma das juízas para o BBC.
Ainda de acordo com a reportagem, todas as juízas entrevistadas dizem querer sair do país, mas enfrentam dificuldades financeiras ou de regularização de seus passaportes e os de seus familiares. Marzia Babakarkhail, ex-juíza afegã que agora vive no Reino Unido, lembra que há juízas em províncias rurais do Afeganistão que não têm acesso à mídia ou à internet. Ela defende que todas essas mulheres sejam retiradas do país urgentemente.
O Talibã anunciou uma anistia para ex-funcionários de governo do país e diz ainda estudar as políticas e oportunidades de educação e trabalho para as mulheres. No entanto, a expectativa é baixa. Quando esteve no poder entre 1996 e 2001, o grupo anulou os direitos das mulheres no país.
Desde que retomaram o controle do Afeganistão, o talibã já anunciou um governo formado 100% por homens e autorizou a retomada das aulas de escolas e universidades para alunos homens, mantendo a proibição para as mulheres.
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