Conhecimento acadêmico é divulgado em produções audiovisuais
Com o objetivo de difundir o conhecimento acadêmico com linguagem acessível, as produções facilitam o diálogo entre população e as pesquisas científicas
Por Julia Bonin
As pesquisas científicas, muitas vezes escritas em linguagem acadêmica, ganham uma nova cara quando são transformadas em produções audiovisuais. Sociólogos, antropólogos e médicos têm investido no diálogo com profissionais da área do cinema para desenvolver filmes que comunicam os resultados de estudos por meio de recursos que exploram subjetividades e experiências individuais.
O desafio, para produtores, é tornar o conhecimento científico acessível sem cair em fórmulas reducionistas. No entanto, a iniciativa pode ser muito benéfica para a comunidade científica, uma vez que o alcance é muito maior em produções audiovisuais.
O filósofo norte-americano Richard Morty (1931-2007) defendia que o jornalismo, o documentário, o teatro e a ficção eram mais eficazes para cumprir com a construção de sociedades mais justas e igualitárias, uma vez que oferecem a possibilidade de gerar empatia por meio do deslocamento de imaginários e da mobilização de afetos.
A médica Helena Lemos Petta, pesquisadora do Centro de Estudos Latino-Americano Rockfeller Center na Universidade de Harvard, criou uma série ficcional sobre o cotidiano de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) na periferia de São Paulo. Durante a criação, Petta desenvolveu a tese com financiamento da FAPESP para aprofundar os conhecimentos entre as relações do campo da saúde coletiva e da linguagem audiovisual. “Na tese, argumento que produções audiovisuais oferecem a possibilidade de utilização de uma estética afetiva que colabora para gerar engajamento com temas da saúde coletiva”, diz a pesquisadora.
O pesquisador e sociólogo financiado pela FAPESP, Gabriel Feltran, publicou em 2018, “Irmãos – Uma História do PCC” para narrar a história da facção a partir de relatos coletados em primeira pessoa. Porém, para levar os resultados para o público além da academia, uma produtora audiovisual o procurou para falar sobre uma adaptação da obra. Realizado pelo canal HBO Max, a série documental “PCC: Poder secredo” ficou em primeiro lugar entre as mais vistas na rede de streaming durante semanas.
A FAPESP é uma agência de fomento à pesquisa científica e tecnológica de São Paulo. Com autonomia, ela financia o estudo e a divulgação da ciência e da tecnologia produzida no estado. O Observatório do Terceiro Setor, em parceria com a FAPESP, produz o programa de rádio Brasil ODS, que busca analisar temas relacionados à execução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável propostos pela ONU. Semanalmente na Rádio Brasil Atual, os apresentadores Joel Scala e Franklin Valverde debatem assuntos pertinentes com especialistas na área.
Fonte: FAPESP