Criança encontra pedido de ajuda em cartão de Natal fabricado na China

Pedido de ajuda teria sido escrito por vítima de trabalhos forçados na China; cartão foi comprado em Londres

Por: Mariana Lima

Florence Widdicombe tem seis anos e vive em Londres, mais especificamente em Tooting, no Sul da cidade. Ela estava escrevendo cartões de Natal para seus amigos da escola quando percebeu que um deles já veio com algo escrito.

Ela estava em seu sétimo ou oitavo cartão, de acordo com entrevista à BBC, quando notou a presença do seguinte texto:

“Somos prisioneiros estrangeiros na prisão de Xangai Qingpu, na China. Somos forçados a trabalhar contra a nossa vontade. Por favor, ajude-nos e notifique uma organização de direitos humanos”.

Os cartões foram adquiridos em um supermercado da rede Tesco, que informou em nota que “interromperam a produção na fábrica onde os cartões são produzidos e que haviam iniciado uma investigação”.

O supermercado também informou ter um sistema de fiscalização para garantir que os fornecedores não utilizam trabalho forçado.

Além da mensagem citada, o bilhete ainda pedia a quem estivesse de posse do cartão para entrar em contato com Peter Humphrey, um jornalista britânico que foi preso lá quatro anos atrás.

A informação chegou até o jornalista através do pai de Florence, que teve o papel de explicar para a filha o significado do texto.

O jornalista Peter Humphrey alega que foi preso em Qingpu devido a acusações falsas e que nunca foi ouvido em um tribunal. Humphrey entrou em contato com ex-prisoneiros que confirmaram que os presos foram forçados a trabalhar.

A mensagem veio de alguém que ainda está no mesmo bloco em que Humphrey cumpriu sua pena entre 2013 e 2015. Após essa descoberta, o jornalista publicou uma reportagem sobre o caso no jornal britânico Sunday Times.

Na reportagem, ele conta que o trabalho na prisão costumava ser voluntário, como uma forma de se manter no local e conseguir itens de higiene, mas que agora se tornou obrigatório.

Este não é o primeiro caso em que prisioneiros na China enviaram mensagens em produtos que foram forçados a produzir para o mercado ocidental.

Em 2012, Julie Keith, nos Estados Unidos, encontrou um relato de tortura e perseguição escrito por um prisioneiro dizendo ser forçado a fabricar os objetos de decoração de Halloween que ela havia comprado.

Fonte: G1