Cursinho busca incentivar a entrada de estudantes trans nas universidades
O TransENEM, além de ser um cursinho pré-vestibular, busca oferecer um espaço para o acolhimento, a socialização e a afetividade entre os estudantes trans
Por: Mariana Lima
O cursinho pré-vestibular do Coletivo pela Educação Popular TrasnENEM atua para fortalecer a entrada desta população no espaço universitário em Ponto Alegre, Rio Grande do Sul.
De acordo com Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), estudantes trans correspondem a 0,2% dos alunos de universidades federais, enquanto que 0,6% são de pessoas não-binárias.
Os números são bem menores do que a estimativa feita pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) de pessoas trans dentro da população nacional, que é de 1,9%.
A iniciativa surgiu em abril de 2016 após a união de militantes e professores. No primeiro ano, a iniciativa era exclusiva para estudantes trans. Em outubro de 2017, pessoas cis também puderam se inscrever no cursinho.
Ao menos 100 alunos e alunas já foram atendidos pelo programa, com uma média de 15 estudantes por semestre. Entre 2016 e 2019, cerca de 38% de participantes do curso conseguiram acessar o ensino superior.
Para o ano de 2020, a turma estava cheia. Seriam 35 alunos apenas no primeiro semestre. Contudo, a pandemia mudou os planos do cursinho, que precisou adaptar os materiais e as aulas para o ensino remoto.
Mas, a mudança não deu muito certo e muitos alunos se sentiram desmotivados, devido a falta de estrutura para o ensino remoto, além da desigualdade social, violência doméstica e problemas com a saúde mental.
Para auxiliar os estudantes a enfrentarem situações como essas, o TransENEM criou um núcleo de apoio psicopedagógico e social.
Apesar das dificuldades enfrentadas no primeiro semestre, a pandemia também trouxe oportunidades. No segundo semestre, o TransENEM conseguiu se reorganizar para oferecer aulas para estudantes do país inteiro.
A solução foi montar um híbrido entre os modelos de educação a distância e ensino remoto. A segunda modalidade permite um contato maior entre os professores e estudantes, quase oferecendo o que é possível no ensino remoto.
O cursinho se mantém por meio do financiamento coletivo. A verba é utilizada para pagar provas dos alunos que não tenha condições de arcar com a inscrição, conceder material e alimentação para os alunos no dia do curso, quando as aulas são presenciais.
Em 2020, uma pareceria com o Instituto Federal do Rio Grande do Sul – Campus Porto Alegre (IFRS-POA) viabilizou a doação de cestas básicas para os alunos do cursinho.
Fonte: UOL ECOA