Desigualdade de gênero impede desenvolvimento sustentável, diz estudo
Estudo realizado pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) apontou que as mulheres continuam sub-representadas nas áreas da ciência, tecnologia e engenharia
Por: Mariana Lima
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) divulgou um novo relatório em que indica que a igualdade de gênero e a autonomia das mulheres devem ser a base do novo modelo de desenvolvimento.
O relatório ‘A autonomia das mulheres na mudança de cenários econômicos’ aponta que a desigualdade de gênero é um obstáculo para o desenvolvimento sustentável.
O estudo revela que a América Latina e o Caribe estão crescendo menos, enquanto as desigualdades na região e a pobreza aumentam.
Outro dado apresentado é que 50,1% das mulheres da região desempenham trabalhos ou serviços não qualificados, ocupando espaços com alta probabilidade de automação.
Além disso, estima-se que 73% das mulheres já se sentiram expostas ou experimentaram algum tipo de violência online.
Em relação ao Brasil, o relatório traz dados de uma pesquisa sobre violência contra mulheres realizada no último ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A pesquisa em questão revelou que 27,4% das brasileiras com 16 anos ou mais sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses. Quase uma em cada dez informou que o episódio mais grave ocorreu na internet.
O relatório aborda também os desafios da desigualdade de gênero na América Latina e Caribe. Entre eles destaca-se a questão da divisão sexual do trabalho e a injusta organização social do cuidado.
As mulheres acabam por dedicar mais de até 3 vezes mais de seu tempo ao trabalho doméstico e aos cuidados não remunerados do que os homens, sendo elas as principais responsáveis pelos cuidados com os idosos.
Neste cenário, o Brasil foi reconhecido de forma positiva devido à inclusão da atividade de ‘cuidadores profissionais’ no marco da nova Classificação Ocupacional Brasileira (COB).
Em relação à América Latina e ao Caribe, o relatório observou que para cada 100 homens com 60 anos ou mais, existem 123 mulheres na mesma faixa etária. Já entre a população de 80 anos ou mais, o número chega a 159 mulheres para cada 100 homens.
Sobre a renda, o número de mulheres sem renda própria diminuiu de 41% em 2002 para 27,5% em 2018. Ainda assim, quase um terço delas depende inteiramente de outros para sobreviver, o que as coloca entre a maioria em situação de pobreza.
Vale ressaltar que a situação de pobreza aumentou de uma proporção de 105 mulheres para cada 100 homens em 2002 para 113 mulheres para cada 100 homens, em 2018.
Com este cenário, elas continuam sub-representadas nos campos da ciência, tecnologia, engenharia e matemática, tendo mais limitações para inserção econômica e para acesso ao crédito.
Para conferir o relatório, em espanhol, clique aqui.
Fonte: Agência Brasil