Em apenas 3 meses, Brasil resgatou 918 pessoas do trabalho escravo
Infelizmente, o Brasil é um dos primeiros no mundo em trabalhadores em condições semelhantes à escravidão. Somente nos três primeiros meses deste ano, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 918 trabalhadores.
Infelizmente, o Brasil é um dos primeiros no mundo em trabalhadores em condições semelhantes à de escravidão. Somente nos três primeiros meses deste ano, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 918 trabalhadores.
O número é recorde para um 1º trimestre em 15 anos, sendo superado apenas pelo total de 2008, quando 1.456 pessoas foram resgatadas.
Os dados foram compilados pelo auditor fiscal Maurício Krepsky, chefe da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo (Detrae), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
Goiás e Rio Grande do Sul foram os estados onde os auditores do Ministério encontraram o maior volume de trabalhadores em situação análoga à de escravidão.
As operações de resgate em todo o país são realizadas por grupos formados por instituições como o Ministério do Trabalho e Emprego, o Ministério Público do Trabalho, o Ministério Público Federal, a Polícia Rodoviária Federal, a Polícia Federal, a Defensoria Pública da União, entre outras.
Somente em Goiás, 365 pessoas foram resgatadas. Mais da metade foi resgatada em 17 de março, em lavouras e usinas de cana-de-açúcar nos municípios Itumbiara, Edéia e Cachoeira Dourada, no sul do estado, em uma operação do MTE que durou três dias.
Entre as irregularidades encontradas pela fiscalização, estão a cobrança de aluguel de barracos usados como alojamentos, o não fornecimento de alimentação e cobrança pelo uso de ferramentas de trabalho.
No Rio Grande do Sul, 293 pessoas foram resgatadas até o dia 20 de março.
Um dos casos mais emblemáticos ocorreu durante a safra da uva, em fevereiro, quando 207 trabalhadores foram encontrados em situações degradantes de trabalho em fazendas do município de Bento Gonçalves.
O caso chamou a atenção pelas agressões cometidas contra os trabalhadores, que afirmaram ter passado por espancamentos, choques elétricos, tiros de bala de borracha e ataques com spray de pimenta, além de jornadas exaustivas de trabalho.
Eles foram contratados pela empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde LTDA, que prestava serviços a três grandes vinícolas da região: Aurora, Cooperativa Garibaldi e Salton.
Duas semanas depois deste caso na colheita da uva, uma outra operação do MTE conseguiu resgatar 82 pessoas em situação semelhante à escravidão em duas fazendas de arroz, no interior do município de Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul.
Segundo apuração da fiscalização, os trabalhadores tinham que arcar com comida e ferramentas de trabalho. E, se algum deles adoecesse, teria a remuneração descontada. Um dos homens resgatados chegou a sofrer um acidente com um facão e ficou sem movimentos de dois dedos do pé.
A Organização das Nações Unidas (ONU) desenvolveu uma série de objetivos ambiciosos no ano de 2015 por meio de um “Pacto Global”, que envolve os seus 193 países membros. O projeto da ONU contempla 17 ODS, ou seja, Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
O esforço em conjunto integra diversos setores dos países membros, como empresas, OSCs e a própria sociedade civil. Ou seja, todos devem somar forças para atingir as mesmas metas que, no final das contas, impactam a vida de todas e todos.
O Brasil é um dos países que se comprometeram a atingir a meta dos 17 ODS. O combate ao trabalho escravo ajuda no cumprimento do ODS 3, que fala em assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos e em todas as idades, e principalmente o ODS 8, com metas relacionadas ao trabalho decente e crescimento econômico, inclusivo e sustentável, bem como o emprego pleno e produtivo para todos.
Fonte: g1